segunda-feira, 25 de maio de 2009

Quem é o Espírito Santo?

Em honra da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade, que será celebrada no próximo domingo – 31/05 - (Pentecostes), meditaremos esta semana sobre Aquele que Jesus nos enviou para guiar e discernir nossos corações, nossos passos, nossas vocações : O Paráclito – nosso Advogado.

                                                                                          Deus e o homem

pentecostes

                                                                                       Quem é o Espírito Santo?

 

Lemos no Livro dos Atos dos Apóstolos que Paulo, chegando em Éfeso, encontrou alguns discípulos e perguntou-lhes se tinham recebido o Espírito Santo quando foram batizados. Eles responderam: “Nem sequer ouvimos dizer que existe Espírito Santo” (At 19,2).

Hoje, se a pergunta fosse dirigida a algum de nós, a resposta certamente seria positiva, pois todos nós fomos batizados em nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo. Entretanto, se nos perguntassem se vivemos segundo o Espírito, não sei se a realidade de nossas vidas nos permitiria dizer Sim. O mesmo apóstolo Paulo afirma que os filhos de Deus deixam-se conduzir pelo Espírito Santo (Rm 8,14). Essa luz do Espírito que nos mostra o caminho não é contrária a luz da razão nem a elimina, mas lhe é superior e nos faz enxergar melhor, mais alto e mais longe do que a razão só. É a luz da fé que recebemos gratuitamente no batismo, quando fomos introduzidos e inseridos na família divina. A expressão é forte, mas a encontramos em 2 Pd 1, 4: “ consortes da natureza divina”.

Teríamos, entretanto, que reconhecer que não foi esse o tom maior de nossa educação cristã. Ela, normalmente, acentuou mais o nocional do que o vivencial. Insistiu-se muito no “saber” o catecismo, no conhecer as verdades da fé mais do que no viver segundo o Espírito. O passo novo a ser dado – e que é uma das urgências indicadas pelo Vaticano II – é o de recuperar o tempo perdido e entrar firmemente no processo de educação da fé o que leva o fiel a deixar-se conduzir pelo Espírito Santo.

A Bíblia nos mostra como esse deixar-se conduzir foi eficaz em Maria, proclamada bem-aventurada porque acreditou. Também de Jesus está escrito que ele foi conduzido pelo Espírito ao deserto a fim de ser tentado por Satanás” (Mc1, 12-13). A expressão “tentado por” tem, geralmente, na Bíblia, o sentido de “provado”. Lemos também que Jesus, ao ouvir de seus discípulos a narrativa do êxito deles na missão, “exultou no Espírito Santo e disse: Eu te louvo, Pai, Senhor do céu e da terra...”

É no quarto Evangelho que a revelação do Espírito Santo se torna mais surpreendente. Na última Ceia, Jesus abre o coração para seus discípulos e lhes revela o mistério divino em toda a sua profundidade: “ Quando vier o Defensor que eu vos enviarei da parte do Pai, o Espírito da verdade que procede do Pai, ele dará testemunho de mim” (Jo, 15,26).

Finalmente, o ápice da revelação do Espírito acontece em Pentecostes, quando, simbolicamente, o Espírito se espalha sobre todo o universo representado pelos que acorreram ao local, onde os discípulos estavam reunidos. Eram cidadãos de lugares, de países e de línguas diferentes: partos, medos e elamitas, gente da Mesopotâmia, da Judéia e da Capadócia, do Ponto e da Ásia, da Frigia e da Panfília, do Egito e da Líbia, romanos, judeus e prosélitos cretenses e árabes... Era o mundo todo ouvindo e entendendo o louvor dos discípulos a Deus. De Paulo se diz que o Espírito Santo o impediu de anunciar o Evangelho na Ásia e na Bitínia e, ao mesmo tempo, o encaminhara para a Macedônia (At 16, 6-10).

Esse mesmo Espírito que agia nos primeiros discípulos de Cristo continua presente no mundo. A diferença é que, se há muitos que se deixam conduzir por Ele, há também muitos outros que nem tomam conhecimento de sua presença. Isso faz a diferença. Entender isso é fácil. Desejar seguir esse caminho não é difícil para quem, como nós, recebeu uma formação cristã na família, na Igreja e em nossa sociedade dita cristã. O difícil não é entender ou desejar seguir. O difícil é traduzir na prática constante, no dia- a- dia, essa certeza que deve impregnar nossa vida e cada um de seus atos como nos afirma o profeta: “Vai-se acabar quem não é reto. O justo viverá por sua fidelidade” (Hab 2,4)

É um processo, é a meta a ser atingida. Ela supõe uma decisão inicial, uma experiência do Espírito, uma conversão.

Fonte: CNBB – Regional Leste II

Revista PAZ E BEM – OFS DO BRASIL – MAIO / JUNHO – 2009 – Dom José Maria Pires – Arcebispo Emérito da Paraíba

Esta meditação me fez lembrar de uma peregrinação religiosa que fiz há pouco tempo. Um dos lugares que fui abençoada e agraciada em estar foi no Santuário de Fátima, em Portugal. A casa da nossa Mãe e Rainha. Indescritível a sensação, a presença da Virgem, Mãe amorosa do Senhor e da Igreja, esposa do Divino Espírito Santo. Lá eu “inspirei” e “respirei” o Divino.

Pude ir lá várias vezes porque o hotel que ficamos hospedados ficava na rua do Santuário. Em missas e outras celebrações que participamos, haviam povos de diferentes países, línguas variadas, povo simples e de muita fé, que como eu, aparentava falar cada um somente a sua língua pátria. Mas ali todos nós conseguíamos entender toda a celebração e acompanhá-la perfeitamente. E conseguíamos nos comunicar uns com os outros também, de forma inexplicável. Parece ilusão! Mas não é. Assim como aconteceu com Maria, acontece hoje: Para quem Crê, acontece!

E ninguém se perdia em parte alguma do rito das celebrações. Povo todo reunido e na língua do Espírito, falávamos a mesma língua: a do Amor de Deus entre irmãos. Difícil descrever aqui tudo que senti naquele santuário. Só posso dizer que o Espírito Santo pairou sobre nós naquele lugar, pra lá de santo.

Paz e Bem.

Nenhum comentário: