quinta-feira, 30 de abril de 2009

Para quem quiser calçar…

 

SANDÁLIA DA HUMILDADE         

 

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quarta-feira, 29 de abril de 2009

São Paulo Apóstolo (parte final)

 

                                             S. paulo

Jerusalém: um líder das Igrejas

Paulo volta pela terceira vez a Jerusalém para prestar contas aos Anciãos acerca de sua missão entre os pagãos. Ele chefia uma delegação de pessoas que representam as Igrejas por ele fundadas, geralmente pagão-cristãs, mas também discípulos judeus, como Timóteo. Tornou-se o líder reconhecido (1Cor 12-14) de um grupo de comunidades locais em contestação com as sinagogas e que levam, no seio das comunidades pagãs, uma existência autônoma. Ele dá a elas o nome de Igrejas, segundo a tradição deuteronômica, reivindicando para cada uma a dignidade de assembléia do povo escolhido por Deus reservada em primeiro lugar à Igreja de Jerusalém. Paulo exerce a autoridade de um apóstolo de Jesus Cristo (1Cor 1-21; 2Cor 1,1), título ao qual é muito ligado.

 

Mas agora, na capital do judaísmo e diante da Igreja de Jerusalém presidida por Tiago, onde “milhares de judeus abraçaram a fé” (At 21,20), pedem-lhe que prove seu apego aos antepassados. Ele havia escrito aos Coríntios: “Tudo suportamos” (1Cor 9,12). Por isso, dirige-se ao Templo, para se purificar com um grupo de nazarenos, “assim todos saberão que tu também é observante da Lei” (At 21,24). E é aí que será preso.

 

Prisão no Templo de Jerusalém

Tudo está pronto para a explosão: o temor levantado pelas pregações de Paulo nas sinagogas e o desenvolvimento desse cristianismo que ameaça as estruturas e as leis. Estouram alguns incidentes durante a chegada de Paulo ao Templo, no sétimo e último dia da Purificação: terá ido acompanhado de algum grego não-judeu, profanando assim o santuário? Alguns judeus da Ásia Menor o reconhecem e instigam a multidão: é expulso do Templo.

 

Graças à chegada do tribuno e de uma tropa de soldados, Paulo escapa da morte, e quer ainda falar. “De pé sobre os degraus, [...] fazendo-se grande silêncio, dirigiu-lhes a palavra em língua hebraica” (At 21,40): explica sua fidelidade de judeu formado na escola de Gamaliel, e o encontro desconcertante na estrada para Damasco, que domina e inspira sua vida. Depois, diante desses judeus de Jerusalém, acrescenta: “E orando no Templo, sucedeu-me entrar em êxtase. E vi o Senhor, que me dizia: ‘Apressa-te, sai logo de Jerusalém, porque não acolherão o teu testemunho a meu respeito’”. E ainda: “Vai, porque é para os gentios, para longe, que eu quero enviar-te” (At 22,17.21). Estas últimas palavras provocam um outro incitamento da turba: de fato, significa que a Aliança contraída por Deus com os fiéis de Israel está aberta a todos.

 

O tempo da prisão e dos processos: Jerusalém, Cesaréia, Roma

Paulo é conduzido à fortaleza de Jerusalém, mas escapa da flagelação porque é cidadão romano: primeiro processo, diante do sinédrio.

Depois de um complô de zelotes judeus que querem matá-lo, é transferido a Cesaréia: segundo processo, diante do procurador Félix (anos 57-59).

Terceiro processo, diante do sucessor de Félix, Festo, dois anos depois.

Quarto processo, diante de Agripa II: “Um homem como este nada pode ter feito que mereça a morte ou a prisão. [...] Bem poderia ser solto, se não tivesse apelado para César” (At 26,31-32).

 

A VIAGEM DO CATIVERIO

No coração da tempestade

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Eis o mais fabuloso relato do Novo Testamento. De Cesaréia a Roma, “a navegação já se tornava perigosa” (At 27,9) depois da festa das Expiações — que introduz o outono. De fato, o navio navega à deriva por quinze dias de Creta a Malta, não se podendo orientar “nem pelo sol nem pelas estrelas” (At 27,20). O prisioneiro Paulo se revela mais livre que os 276 membros da tripulação, capitão, piloto, centurião e marinheiros; ele está acostumado ao mar e à experiência de três naufrágios (2Cor 11,25) e, sobretudo, tem uma segurança que lhe vem de Deus: “Não haverá perda de vida alguma dentre vós, a não ser a perda do navio” (At 27,22), afirma a seus companheiros, quando tudo parece perdido. “Pois esta noite apareceu-me um anjo do Deus ao qual pertenço e a quem adoro, o qual me disse: ‘Não temas, Paulo. [...] Deus te concede a vida de todos os que navegam contigo’” (At 27,23-24).

 

Malta

Todos chegam à ilha, alguns a nado, alguns graças a uma tábua ou caibro. Essa etapa simples e idílica (“Os nativos trataram-nos com extraordinária humanidade, acolhendo a todos nós junto a uma fogueira que tinham aceso”; At 28,2) simboliza a acolhida que o mundo pagão fará ao Evangelho. Depois do perigo e do naufrágio, a escala maravilhosa em Malta tem, para Lucas, o gosto da aurora de uma ressurreição. Uma víbora morde a mão de Paulo enquanto atiça o fogo; ele a lança no braseiro sem nenhuma dor... e o povo o toma por um Deus. Paulo, ainda, cura o pai de seu hóspede, impondo-lhe as mãos, como também a multidão de doentes que acorre. Finalmente, “cumularam-nos com muitos sinais de estima; e, quando estávamos para partir, levaram a bordo tudo o que nos era necessário” (At 28,10).

 

Roma

Depois disso, vem Siracusa, Régio e Putéoli. Paulo tem a alegria de ser acolhido por três irmãos — percorreram 50 km a pé —, já que o Apóstolo não é um desconhecido: eles receberam dele, três anos antes, sua grande Carta aos Romanos. Em Roma, ele encontra também uma comunidade de cristãos, cuja origem se ignora, e da qual Lucas diz ser numerosa e célebre por sua fé e suas obras. O cristianismo foi sem dúvida trazido a Roma muito cedo, por mercadores judeus, e continuou, sem ser notado, perto de algumas sinagogas. Quando Cláudio morreu, Roma tinha cerca de 50 mil judeus vindos de regiões muito diferentes, dispersos pela vasta aglomeração de diversas sinagogas.

 

Paulo chega a Roma em 61, para aqui ser julgado. Depois de dois anos de prisão domiciliar, no coração da cidade, perto do Tibre (o atual bairro judeu), que ele emprega em evangelizar e escrever, o processo se dissolve por falta de acusadores. Mas, depois do incêndio de 64, Nero acusa os cristãos de serem os autores do incêndio. Paulo, assim, é preso, acorrentado no cárcere Marmetino e condenado à decapitação, que terá lugar fora dos muros aurelianos, na via Ostiense, mais provavelmente entre 65 e 67.

 

O MARTÍRIO EM ROMA

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A abertura da Aliança para todos

O primeiro gesto de Paulo na capital do Império e também suas últimas palavras, anotadas nos Atos, foram lançar — mais uma vez — um apelo aos judeus. Como já havia escrito aos romanos: “O Evangelho é uma força salvadora de Deus para todo aquele que crê, primeiro para o judeu, mas também para o grego” (Rm 1,16). De forma que, no final de sua missão, aquele que o Senhor quis Apóstolo das Nações não quer se esquecer nem do “menor de meus irmãos” (Mt 25,40). “Estou carregando estas algemas exatamente por causa da esperança de Israel” (At 28,20). Ele lança um último e vibrante chamado à “conversão” de seu povo, à reviravolta que ele mesmo conheceu. Em Cristo, a Aliança de Deus está de agora em diante aberta a todos.

 

A palavra final não é a morte de Paulo, uma vez que se trata, ao contrário, do desenvolvimento do cristianismo e da Boa Nova levados para todos os lados pela grande testemunha do Ressuscitado, que se tornou, à sua imagem, “Luz das Nações” (Is 49,6; At 13,47).

 

Fonte do texto e fotos: Vaticano On Line

sábado, 25 de abril de 2009

São Marcos – 25 de Abril

 

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Se não ler, vai perder…

Mais uma vez um grande Apóstolo interagindo evangelicamente com o Apóstolo Paulo. No link abaixo, é só clicar:

São Marcos

Paz e Bem!

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Entrevista com o Apóstolo Paulo

 

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                                                                               Foto/Fonte: Vaticano On Line

Frei Carlos Mesters fez uma longa entrevista com o Apóstolo Paulo (cont. III)

 

35. Por que você não casou? É contra o casamento?
Paulo não era casado (1Cor 7,8). Alguns exegetas acham que ele era viúvo. Não sei qual o argumento que eles têm para fazer tal afirmação. Paulo não se casou, não porque era contra o casamento, mas porque não quis casar. Era a maneira como ele via a sua vocação pessoal e procurava ser fiel a ela. O não querer casar tinha a ver com a sua experiência pessoal de Cristo (1Cor 7,32) e com o fato de que em Cristo o fim dos tempos já tinha chegado (1Cor 7,29-31; cf. Mc 12,25).
Mesmo não casando, Paulo defendia o direito que ele tinha de casar (1Cor 9,5). Não era contra o casamento. Pelo contrário, considerava como "doutrina demoníaca", "hipocrisia de mentirosos" e "fábulas ímpias de gente caduca" a teoria daqueles que proibiam o casamento (1Tm 4,1-7).

 

36. Muita gente não gosta de você por causa da sua atitude negativa para com as mulheres. É verdade que você é contra a participação da mulher na comunidade?
Alguns textos de Paulo causam real dificuldade. Neles, a mulher aparece em posição inferior, não devidamente valorizada. Não é possível clarear toda esta questão numa resposta breve como esta.
Vou enumerar só alguns fatores a serem levados em conta num eventual estudo mais aprofundado.
Em primeiro lugar, não se pode esquecer que a cultura e a consciência daquele tempo não eram as mesmas de hoje na questão da participação da mulher na vida da comunidade. Aqueles mesmos textos de Paulo que quando comparados com hoje, representam um retrocesso, podem representar um avanço, quando devidamente situados dentro do contexto da cultura e da sociedade daquela época.
Em segundo lugar, convém ver o contexto mais amplo da vida e da atividade do próprio Paulo: a sua maneira de se relacionar com as mulheres; o papel que ele reservava para as mulheres na vida e na organização das comunidades por ele fundadas; quais e quantas mulheres que aparecem nas cartas, nas lembranças finais e no relato das viagens.
Em terceiro lugar, convém lembrar que aqueles textos mais difíceis não expõem uma doutrina universal a ser aplicada tal qual em todos os tempos, mas, na maioria das vezes, querem resolver problemas concretos que estavam perturbando a vida da comunidade. Por isso, além do contexto da cultura, da sociedade e da vida de Paulo, deve ser examinado o contexto conflitivo da comunidade que levou Paulo a escrever daquela maneira negativa sobre a participação da mulher.
Vejamos como exemplo o texto de 1Tm 2,8-15, escrito para Timóteo, coordenador da comunidade de Éfeso (1Tm 1,3). O que vou dizer tirei de um artigo de Alan Padgett, Mulheres ricas em Éfeso; 1Tm 2,8-15 colocado dentro do seu contexto social; publicado em inglês em 1987 na revista Interpretation, páginas 19 a 31.
Na comunidade de Éfeso infiltrou-se um grupo de falsos doutores (1Tm 1,3.6). Eles inventavam doutrinas fabulosas (1Tm 1,3-4), interpretavam mal a Escritura (1Tm 1,7), não aceitavam a ressurreição (2Tm 2,18), proibiam o casamento (1Tm 4,3) e declaravam más as coisas boas que Deus criou (1Tm 4,3-5). Faziam questão de guardar as aparências de piedade (2Tm 3,5), mas na realidade fizeram da piedade uma fonte de lucro (1Tm 6,5.9-10).
Como professores ambulantes, de acordo com o costume da época, procuravam ser acolhidos nas casas de famílias mais ricas (2Tm 3,6).
Era o começo do gnosticismo penetrando nas comunidades.Ligado a este grupo dos falsos doutores aparece o grupo de algumas mulheres. Pois, para realizar o seu objetivo, aqueles doutores conseguiram influenciar e cativar algumas mulheres, desejosas de aprender coisas novas (2Tm 3,6-7), sobretudo algumas viúvas bem jovens ainda (1Tm 5,6-7.11). Provavelmente, eram mulheres recém-convertidas, pois participavam ainda das "instruções" (1Tm 2,11; cf. 3,6). Eram ricas, pois usavam objetos de ouro, pérolas e vestidos suntuosos (1Tm 2,9). Em todo caso, não eram pobres. Por serem mulheres de certa posse eram visadas pelos falsos doutores, pois, sendo ricas, elas podiam acolhê-los e sustentá-los, além de oferecer outras vantagens e prazeres (1Tm 5,6.11; 2Tm 3,6).
Aquelas mulheres tinham uma sede muito grande de saber: estudavam sempre (2Tm 3,7), rodeavam-se de professores para aquilo que lhes convinha (2Tm 4,3), sem jamais atingir o conhecimento da verdade (2Tm 3,7). Muito provavelmente, elas procuravam o conhecimento em vista de uma liderança maior dentro da comunidade; queriam "ensinar e dominar" (1Tm 2,12).
Influenciadas pelos falsos doutores, aceitavam qualquer doutrina estranha (1Tm 4,1-2), rejeitavam o casamento (1Tm 4,3; cf. 5,14), andavam de casa em casa, (provavelmente, de comunidade em comunidade) (1Tm 5,13) e já não cuidavam da própria família (1Tm 5,8), provocando brigas, discussões, raiva e fofocas (1Tm 1,4; 2,8; 5,13; 6,4-5). Destruíam a paz na comunidade.
Ora, lendo o texto de 1Tm 2,8-15 contra este pano de fundo, fica claro o seguinte: Paulo não fala sobre a mulher em geral, mas está pensando naquele grupo de senhoras da comunidade de Éfeso. Ele não é contra que a mulher estude, mas pede que aquelas senhoras estudem com calma e humildade enquanto ainda estiverem na instrução inicial (2Tm 2,11). Não é contra a participação e a liderança da mulher na comunidade, mas questiona as pretensões daquele grupo de viúvas ricas que, por serem ricas, eram visadas pelos falsos doutores e deixavam manipular-se ingenuamente por eles. Por isso pede que sejam mais modestas, para não provocar ainda mais aqueles doutores (2Tm 2,9-10). Não quer ensinar que o homem é superior à mulher, mas quer que, durante a fase da instrução inicial, os responsáveis pelo ensino na igreja tenham precedência sobre os alunos, sobretudo naquela época de tantas doutrinas variadas e estranhas (1Tm 2,11-12). Não quer ensinar que toda mulher deva tornar-se mãe para poder salvar-se, mas acha que, no caso daquelas viúvas jovens que desprezavam o casamento, só havia um único jeito para elas se recuperarem, a saber, casar de novo e ser mãe (1Tm 2,15; 5,14-15).
Comparado com o contexto daquela época, este texto de 1Tm 2,8-15 representa um avanço. Apesar de todas as reservas contra aquele grupo de senhoras de Éfeso, Paulo supõe como sendo a coisa mais normal que a mulher receba instrução, coisa que não era tão comum na sinagoga.

 

37. Por que você não levantou a voz contra a escravidão e contra a exploração de tanta gente pelo sistema do império romano? É verdade que você é amigo ou simpatizante do império romano?
Aqui também são vários os fatores que devem ser levados em conta para se poder chegar a uma resposta mais ou menos completa, pois trata-se de um assunto complexo e difícil. Como na resposta anterior, vou apenas indicar alguns destes fatores a serem aprofundados num eventual estudo que alguém queira fazer do assunto.
Em primeiro lugar, a consciência a respeito da problemática social era diferente. A situação dos cristãos no império romano era diferente da situação dos cristãos hoje na América Latina. Hoje, na América Latina, nós cristãos temos quase 500 anos de idade, somos mais ou menos 90% da população do continente e temos uma tremenda responsabilidade histórica na origem da estrutura antievangélica que existe por aqui. Nos tempos de Paulo, os cristãos não tinham nem 30 anos de idade, não chegavam nem sequer a meio por cento da população do império e, como cristãos, não estiveram presentes na origem quando foi criado o sistema explorador do império romano.
Em segundo lugar, o tipo de análise que hoje fazemos da sociedade não existia naquele tempo. Havia consciência do problema social, mas este não era percebido de maneira tão clara como hoje. A pergunta que fizemos a Paulo é legítima, mas é uma pergunta a partir das nossas preocupações e a partir de nosso nível de consciência e da nossa análise do problema social. Uma resposta mais completa exigiria um uso maior das ciências sociais no estudo do texto de Paulo, o que já está começando a acontecer na América Latina.
Em terceiro lugar, convém lembrar que os judeus, desde a destruição de Jerusalém em 587 a.C., viviam sob governos estrangeiros e se acostumaram a isto. Chegaram a ver nisto uma expressão da vontade de Deus. Esdras chegou a identificar a Lei de Deus e a Lei do rei (Esd 7,26). Aprenderam a conviver. Além disso, convém lembrar a diferença que havia neste ponto entre os judeus da Palestina e os judeus da diáspora, de que já falamos na resposta à pergunta nº 21.
Em quarto lugar, Paulo teve uma experiência profunda de Deus. Uma experiência assim relativiza todo o resto, tanto a riqueza como a pobreza, tanto o possuir como o não possuir. Eis alguns textos: "Vivemos como indigentes e, não obstante, enriquecemos a muitos; como nada tendo, embora tudo possuamos" (2Cor 6,10). "Aprendi a adaptar-me às necessidades; sei viver modestamente, e sei também como haver-me na abundância; estou acostumado com toda e qualquer situação: viver saciado e passar fome; ter abundância e sofrer necessidade. Tudo posso naquele que me fortalece!" (Fil 4,11-13). "Se temos comida e roupa, contentemo-nos com isso" (1Tm 6,8). "O tempo se fez curto. Aqueles que compram, sejam como se não comprassem; os que usam deste mundo, como se não usassem plenamente. Pois passa a figura deste mundo" (1Cor 7,29.30-31).
Em quinto lugar, havia em Paulo uma consciência bem clara do novo tipo de fraternidade a ser vivida na comunidade cristã. Nela devia estar superado todo relacionamento de dominação proveniente da religião (judeu-grego), da classe (livre-escravo), do sexo (homem-mulher) ou da raça (grego-bárbaro). Pois nela não podia haver mais diferença entre "judeu e grego, escravo e livre, homem e mulher, grego e bárbaro" (cf. Gl 3,28; Cl 3,11; 1Cor 12,13). Uma comunidade assim não deixa de ser um fator profundamente revolucionário, uma semente explosiva, mesmo que os seus membros não tenham plena consciência deste aspecto.
Em sexto lugar, comparando os conflitos da primeira viagem missionária (At 13,1-14,28) com os da segunda viagem missionária (At 15,36-18,22), percebe-se o seguinte: 1. Um envolvimento progressivo do império e das suas instituições nestes conflitos; 2. O império pode ter pessoas boas e simpáticas ao cristianismo, como o pró-cônsul Sérgio Paulo de Chipre (At 13,6-12), mas tem leis e instituições que são usadas contra os cristãos (At 13,50; 14,5; 16,19-24.35-37; 17,5-9; 18,12-16); 3. Na primeira viagem, o conflito com o mundo pagão era mais no nível religioso (At 14,8-18), enquanto na segunda viagem já se situava mais no nível econômico (At 16,16-40) e no nível cultural e ideológico (At 17,16-34); 4. Nestes conflitos, os cristãos aparecem como gente sem poder: não conseguem que a opinião pública esteja a seu favor, nem conseguem movimentar a classe alta a seu favor; 5. As instituições do império e a classe alta conseguem ser usadas contra os cristãos por gente que se sente prejudicada pela mensagem cristã, mas não conseguem ser usadas pelos cristãos para defender a justiça e a verdade contra a injustiça e a falsidade. Tudo isto revela uma incompatibilidade crescente entre o império e o evangelho.
Em sétimo lugar, é possível que Paulo, como judeu da diáspora, tenha tido certa simpatia para com o império romano. O mesmo se diga de Lucas que escreveu os Atos dos Apóstolos. Mas mesmo tendo uma possível simpatia, Paulo não adaptou o evangelho às suas simpatias, caso contrário, não teria provocado aquela escalada progressiva do império contra as comunidades. E não convém esquecer que Paulo morreu condenado pelo império romano por causa do amor que ele tinha ao evangelho.

 

38. Por que você ficou tão desanimado e enfraquecido depois daquele discurso fracassado em Atenas? Você não é homem de ficar desanimado. Havia alguma razão mais profunda?
Paulo vinha vindo de uma maratona ao longo das cidades da Ásia Menor e da Grécia. Era a sua segunda viagem missionária (At 15,36ss.). Tinha fundado várias comunidades na Galácia, em Filipos, Tessalônica e Beréia. Em quase todas estas cidades, ele foi perseguido e torturado. Teve que fugir várias vezes. Nada, porém, era capaz de amedrontá-lo ou de desanimá-lo. Finalmente, ele chegou em Atenas, capital da cultura helenista (At 17,15).
Convidado pelo pessoal que o escutava na praça do mercado, teve que expor suas idéias no areópago (At 17,16-21). Preparou um discurso, no qual tentou comunicar a Boa Nova de Jesus (At 17,22-31). O discurso não teve muito efeito. Quando falou da ressurreição, os ouvintes se desinteressaram, zombaram dele e suspenderam a sessão (At 17,32). Pouca gente acreditou (At 17,34). Ora, Paulo, que parecia ter força e coragem para enfrentar qualquer contratempo, inclusive perseguição, prisão e tortura, este mesmo Paulo perdeu o ânimo após o fracasso da sua ação em Atenas. Saiu de lá e foi para Corinto (At 18,1), onde, no dizer dele mesmo, chegou "cheio de fraqueza, receio e tremor" (1Cor 2,3), "em meio a muita angústia e tribulação" (1Ts 3,7). Por que Paulo ficou assim? O que provocou nele aquele desânimo feito de "fraqueza, receio, tremor, angústia e tribulação"?
Certos defeitos escondidos só aparecem no decorrer da caminhada.
Aos poucos, os próprios fatos da vida vão tirando a casca, revelando quem somos, de fato, frente a Deus e frente aos outros. A conversão é um processo permanente, também para Paulo! Apesar de ter experimentado a gratuidade da ação de Deus, dentro dele continuava ainda um resto da mentalidade das "obras". Ele pensava poder derrubar e converter os pagãos com a força e a lógica dos seus argumentos. Em vista disso montou um discurso bem feito (At 17,22-31), baseado nas leis da lógica e da oratória. Mas teve que experimentar a total inutilidade dos seus argumentos. Em vez de derrubar, foi derrubado na sua pretensão de vencer o inimigo. O sistema da cultura helenista não se abalou, nem se alterou. Pouca gente se converteu. A maioria do pessoal nem se interessou. Não era nem a favor nem contra. Não quis nem discutir o assunto: Até logo! "Fica para outra vez!" (At 17,32).
Paulo descobriu e experimentou a fraqueza e os limites da sua pretensão. O nascimento doloroso para Cristo, iniciado no caminho de Damasco, continuava. Mas ele soube tirar a lição dos fatos. Na carta aos Coríntios, ele descreve como chegou por lá, após o fracasso em Atenas: "Irmãos, eu mesmo, quando fui ao encontro de vocês, não me apresentei com o prestígio da oratória ou da sabedoria, para anunciar-lhes o mistério de Deus. Entre vocês, eu não quis saber outra coisa a não ser Jesus Cristo, e Jesus Crucificado. Estive no meio de vocês cheio de fraqueza, receio e tremor; minha palavra e minha pregação não tinham brilho nem artifícios para seduzir os ouvintes, mas a demonstração residia no poder do Espírito, para que vocês acreditassem, não por causa da sabedoria dos homens, mas por causa do poder de Deus" (1Cor 2,1-5). Parece um outro Paulo, diferente do Paulo que discursava no areópago com oratória e lógica.
Aprendeu a lição! Ficou mais humilde. Soube dar a Deus o lugar que Ele merece, sem que isto o levasse a uma passividade. Sendo judeu, teve que aprender da prática como lidar com o pessoal da cultura helenista e com o próprio Deus. Aprendeu apanhando e sofrendo!Depois da queda na estrada de Damasco, foi a chegada de Ananias que o reanimou e o tirou da cegueira (At 9,17-19). Agora, depois da queda em Atenas, foi a chegada de Timóteo com boas notícias da comunidade recém fundada de Tessalônica, que o ajudou a superar o desânimo e reencontrar a fonte da força e da coragem: "Agora estamos reanimados!" (1Ts 3,8). A partir daquele momento, Paulo teve novamente disposição para dedicar-se inteiramente ao anúncio da Palavra (At 18,5).

 

39. Quando nós, hoje, falamos das comunidades que você andou fundando por aí, imaginamos comunidades perfeitas de gente santa. É verdade? Diante de tanta santidade, ficamos até desanimados, pois hoje é tão difícil viver em comunidade. O que você nos tem a dizer sobre isto?
O que Paulo nos tem a dizer é aquilo que ele mesmo viveu e conheceu, tanto da sua própria experiência, como da experiência da comunidade dos primeiros cristãos em Jerusalém. A narração dos fatos vividos é o que mais ajuda a desfazer a idéia de que as primeiras comunidades fossem feitas só de gente santa sem problemas.
O livro dos Atos dos Apóstolos apresenta a primeira comunidade de Jerusalém como o ideal para as comunidades de todos os tempos. Lucas caprichou naqueles pequenos resumos que ele fez da vida dos primeiros cristãos (At 2,42-47; 4,32-35; 5,12-16). Neles, descreve não tanto o que existiu de fato, mas sim o que deveria existir sempre em toda e qualquer comunidade. O ideal da comunidade, ele o colocou bem perto da fonte, que é a ressurreição de Jesus.
Mas Lucas não escondeu a realidade dura da caminhada. Lendo nas linhas e nas entrelinhas, a gente percebe que havia muitos problemas e dificuldades. Não era gente tão santa e tão diferente de nós, como, às vezes imaginamos. Eis a lista de alguns destes problemas da primeira comunidade:1. Tentativa de Ananias e Safira de usar a comunidade para se promover (At 5,1-11); 2. Briga entre os "hebreus" (judeus convertidos da Palestina) e os "helenistas" (judeus convertidos da diáspora) por causa da assistência diferente dada às viúvas (At 6,1); 3. Tensão interna por causa da liderança nova de Estêvão: o grupo dos helenistas, ligado a Estêvão, é perseguido e deve fugir, enquanto os apóstolos, (provavelmente, o grupo dos hebreus), continuam em Jerusalém (At 8,1); 4. Tentativa de alguns de comprarem o carisma e o dom do Espírito Santo por meio de dinheiro (At 8,19); 5. Falta de gente para anunciar o evangelho (At 8,31); 6. Perseguição dos cristãos por parte dos sacerdotes (At 4,1-3) e, mais tarde, por parte dos fariseus (At 8,1-3: Saulo é fariseu); 7. Conflito entre os cristãos vindos do judaísmo e os que tinham vindo do paganismo (At 15,1); 8. Incerteza e dúvida de Pedro: não sabe como se comportar nem como enfrentar o problema (Gl 2,11-12); 9. Cobrança feita a Pedro por parte de um grupo mais conservador que não concordava com ele (At 11,2-3.18); 10. Falta de coordenação geral, pois as coisas vão acontecendo e os apóstolos só ficam sabendo depois (At 11,19-22).
Mesmo assim, apesar de todas estas dificuldades, a animação do pessoal era muito grande. Eles não desanimavam, e as comunidades cresciam (At 2,41.47; 4,4; 5,14; 6,1.7; 9,31; 11,21.24; 16,5; etc.).
As comunidades eram um novo modo de ser Povo de Deus!Ora, o mesmo vale para as comunidades fundadas por Paulo nas grandes cidades do império romano. Só que nelas os conflitos e os problemas eram bem maiores. Algumas destas dificuldades já foram vistas nesta entrevista. Vou tentar lembrá-las aqui, acrescentando algumas outras. Indico apenas o fato. Não é aqui o lugar de aprofundar este assunto. Eis a lista provisória:1. Falta de instrução até por parte de líderes como Apolo que nada entendia do batismo (At 18,25-26); 2. Continuava a influência de João Batista, a ponto de várias pessoas só conhecerem o batismo dele; nada sabiam do Espírito Santo (At 19,1-3); 3. Divisões internas por causa das linhas diferentes de Paulo, de Apolo e de Pedro (1Cor 1,12; 4,6); 4. Mentalidade grega em choque com a mentalidade judaica: o conceito de autoridade do grego é mais "democrático" (vem por discussão aberta), e o do judeu é mais "tradicional" (vem por tradição), o que foi uma das causas do conflito que havia entre Paulo e a comunidade de Corinto (2Cor 10,8-11; 12,11-18; 13,2-4); 5. Os cristãos vindos do judaísmo tinham chegado ao ponto de tentar destruir o trabalho dos cristãos vindos do paganismo: eram os "falsos irmãos" (Gl 2,4-5; 6,12-13; 1Ts 2,14-16); 6. Brigas pessoais de Paulo com Barnabé por causa de Marcos (At 15,37-39), e de Paulo com Pedro por causa da linha diferente (Gl 2,11-14); 7.
Mentalidade grega que não conseguia aceitar a ressurreição (At 17,32; 1Cor 15,12); 8. Falsos doutores espalhando confusão nas comunidades (1Tm 4,1-7); 9. Problemas com a religiosidade popular dos povos da Ásia Menor (At 14,11-18); 10. O problema do lugar da mulher nas comunidades: nem tudo estava claro (1Cor 11,3-12; 14,34-35; 1Tm 2,9-15); 11. O problema dos carismas, usados por alguns para se promover a si mesmos e não para construir a comunidade (1Cor 14,1-32); 12. Falta de respeito de uns para com a fragilidade da consciência dos outros (1Cor 8,7-13; Rm 14,1-15); 13. A pretensão de alguns de usar a liberdade em Cristo como pretexto para a libertinagem (1Cor 6,12-20; 5,1-13); 14. Divisão social e falta de ordem durante a realização da Ceia Eucarística (1Cor 11,17-34); 15. Vontade de alguns de seguirem o ideal grego da vida intelectual sem trabalhar com as próprias mãos, enquanto Paulo queria exatamente o contrário (2Ts 3,10-12).
Os problemas eram muitos e o povo das comunidades não era santo nem perfeito. Era espelho do que acontece hoje, onde gente bem intencionada de diferentes origens e mentalidades decide caminhar juntos. A fraternidade é um desafio!Grande parte destes problemas eram problemas de transição. As comunidades eram o novo modo de ser Povo de Deus. A transição do modo antigo para o modo novo não foi fácil. Paulo foi o instrumento para ajudar nesta transição sem a qual a igreja teria naufragado e jamais teria chegado até nós.
Foi a transição do mundo judaico para o mundo grego; do mundo rural da Palestina para o mundo urbano da Ásia Menor e da Grécia; do mundo mais ou menos harmonioso e coerente do judaísmo para o mundo pluralista das grandes cidades do império, cheias de conflitos; de uma situação de comunidades soltas, quase sem organização, para uma situação de comunidades bem organizadas; de uma igreja fechada, feita só de judeus convertidos, para uma igreja aberta, que acolhe a todos; do período dos apóstolos, ou seja, da primeira geração de líderes, para a igreja pós-apostólica da segunda geração de líderes que já não tinham tido contato com Jesus pessoalmente; de uma igreja, cuja doutrina e disciplina vinham em grande parte do judaísmo, para uma igreja que começava a elaborar e organizar a sua própria liturgia, doutrina e disciplina; de uma religião ligada às comunidades bem situadas dos judeus da diáspora, para uma religião mais ligada ao povo pobre das periferias urbanas das grandes cidades do império romano; de uma religião que cultivava o ideal da classe dominante, para uma religião que tinha a coragem de apresentar um novo ideal de vida ao povo trabalhador: "ocupar-se das suas próprias coisas e trabalhar com as próprias mãos: assim não passarão mais necessidade de coisa alguma" (1Ts 4,11-12).

 

40. Olhando para trás, como é que você agora enxerga a sua vida?
A vida de Paulo tem quatro períodos bem distintos. O primeiro vai do nascimento até aos 28 anos de idade. É o período antes da conversão, em que ele vive como israelita fiel e observante. O segundo vai desde a conversão aos 28 anos até o envio para a missão aos 41 anos. Período pouco conhecido. O terceiro vai dos 41 anos até aos 53 anos. É o período das viagens missionárias. O último vai dos 53 até à morte aos 63 anos de idade. É o período das prisões e da organização das comunidades.
Apesar de diferentes, estes quatro períodos têm algo em comum: é sempre o mesmo Paulo, a fé no mesmo Deus, a pertença ao mesmo povo de Deus; é a mesma vontade de ser fiel a Deus e à sua aliança, e de chegar à justiça e à paz com Deus.
Muitas coisas da vida de Paulo já foram vistas nesta entrevista, outras jamais poderão ser vistas, pois são para sempre o segredo só dele. Pouco sabemos do primeiro período. Quase nada sabemos do que se passou entre o momento da conversão aos 28 anos e o envio para a missão aos 41 anos. São 13 anos de silêncio! Provavelmente, foi neste período que ele teve as grandes experiências místicas de que fala numa das suas cartas (2Cor 12,1-10). Pouco ou nada sabemos do que aconteceu depois da primeira prisão em Roma até a sua morte. O período mais conhecido é o das viagens missionárias. Por aí se deduz que o interesse da Bíblia na pessoa de Paulo não é tanto por causa de Paulo enquanto Paulo, mas enquanto ele é o grande animador das comunidades.
A grande novidade que marcou a vida de Paulo foi a sua experiência de Jesus ressuscitado no caminho de Damasco: experiência profundamente pessoal e, ao mesmo tempo, essencialmente comunitária, pois ela só se tornou clara e manifesta no momento em que Ananias impôs as mãos em Paulo e o acolheu na comunidade dizendo: "Paulo, meu irmão!" (At 9,17).
A experiência no caminho de Damasco foi como um diamante lapidado que recebe a luz do sol. Através das suas muitas facetas, ele fraciona a luz em múltiplas cores e dela revela, assim, as diferentes qualidades. A luz do sol é Deus que se fez presente na vida de Paulo.
O diamante é a experiência de Jesus ressuscitado. As suas inúmeras facetas fracionam a luz e dela revela as infinitas qualidades: experiência da fidelidade de Deus (2Cor 1,20); experiência da vitória sobre a morte (Cl 2,12-13; Ef 1,19-20; Rm 6,1-4); experiência do próprio nada (Rm 7,24); experiência da própria vocação e missão (Gl 1,15-16); experiência da paixão, morte e ressurreição de Cristo (Fil 3,10-11); experiência da sua pertença ao povo (Rm 9,1-5); identificação mística com Cristo (Gl 2,20); experiência profunda do amor gratuito de Deus (Rm 8,31-39)... Vale a pena fazer um levantamento e classificar todos os aspectos da experiência de Deus em Cristo, vivida por Paulo.

 

CONCLUSÃO: Qual a sua maior esperança?
Aqui desisto de responder. Teria que copiar a maior parte das cartas, pois tudo nelas fala de esperança. Para Paulo, Jesus é a esperança prometida e realizada do seu povo, após longos séculos de espera.
Em Jesus ressuscitado, ele encontrou a razão de ser do seu povo. Através da vida, morte e ressurreição de Jesus, o grande mistério do amor de Deus, confiado ao povo de Israel, se abriu para todos os povos. Foi esta a grande Boa Nova que Paulo descobriu em Jesus e que ele começou a transmitir no mundo inteiro.
Aquilo que apontou no horizonte do povo na época do exílio, o universalismo; aquilo que se esboçou timidamente na pequena comunidade pós-exílica e que foi retardado (mas conservado e protegido) por Esdras e Neemias; aquilo que os helenistas do tempo de Antíoco quiseram realizar por imposição autoritária e, em vez de realizar, estragaram mais ainda, provocando a reação justa e violenta dos Macabeus; aquilo que, desde o começo estava no chão do chamado, na semente do apelo, no rumo da vocação, tudo isto apareceu em Jesus Cristo !
Em Jesus desabrochou a esperança do povo judeu e, nela, se revelou a grande esperança da humanidade, o SIM de Deus às promessas e esperanças que estão no coração de todo ser humano, de todos os povos, sobretudo dos pobres.
Paulo, por uma graça especial de Deus, percebeu este mistério, esta imensa Boa Nova para toda a humanidade. Ela se instalou nele, e ele sofreu por ela. Foi a sua razão de ser! "Pela graça de Deus sou o que sou; e sua graça dada a mim não foi estéril. Ao contrário, trabalhei mais do que todos eles; não eu, mas a graça de Deus que está comigo!" (1Cor 15,10).


Carlos Mesters

Fonte: Adital

PS: O TEXTO ACIMA TRANSCRITO É UMA CONTRIBUIÇÃO PARA A NOSSA REFLEXÃO SOBRE O ANO PAULINO.

Paz e Bem!

quarta-feira, 22 de abril de 2009

São Paulo Apóstolo (terceira parte)

 

INÍCIO DA IGREJA

                                                   

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Corinto

Nesta cidade cosmopolita, onde o culto de Afrodite vem florescendo, Paulo encontra Priscila e Áquila, um casal de judeus expulso de Roma em 49 pelo edito de expulsão do imperador Cláudio, “uma vez que os judeus insurgiam continuamente, instigados por um certo Chrestos” (Suetônio, Cláudio, 25, 11). Nós os encontraremos em Roma, depois da morte de Cláudio, em 54, acolhendo o Apóstolo prisioneiro. Nesse meio tempo, o acompanharão a Éfeso, ocupando-se da Igreja e evangelizando.

 

Paulo, que espera “trabalhar” à maneira dos rabinos, de modo a assegurar a gratuidade de seu serviço apostólico, associa-se ao casal, confeccionando tendas, como eles. Durante o shabbat, na sinagoga, ele procura sem descanso demonstrar aos doutores da lei o messianismo de Jesus; o chefe da sinagoga, Crespo, deixa-se batizar com toda a família. A Igreja de Corinto, que acolhe também os pagãos, se desenvolve muito rapidamente. Ela se torna a base de Paulo a partir do momento em que Roma lhe é negada pelo decreto de expulsão de Cláudio. Paulo ali permanece por dezoito meses.

 

Um problema se impõe cada vez mais freqüentemente: as autoridades das sinagogas, que se beneficiam de privilégios, não desejam que os cristãos continuem a ser confundidos com uma seita judaica dissidente, embora na prática não tenham mais nenhuma relação de dependência com eles. Acabarão por acusar Paulo de propaganda religiosa ilícita diante do procônsul Galião (irmão do filósofo Sêneca). Depois de ouvir a acusação, Galião se recusa a ouvir a defesa, declarando-se incompetente para julgar, uma vez que Paulo é judeu e, a seus olhos, essa disputa é interna à sinagoga (At 18,12-16). Paulo embarca então para Antioquia e Éfeso, com Priscila e Áquila, que serão, nesta última cidade, o eixo da futura comunidade.

 

É no final dessa segunda viagem, em 52, que muitos historiadores inserem o “Concílio de Jerusalém” e o incidente de Antioquia.

 

Éfeso: Priscila e Áquila dirigem a Igreja

    

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Este é o terceiro lugar de difusão da Palavra, nos Atos. Paulo passa mais de dois anos neste grande centro de intercâmbio cultural, religioso e comercial, entre o Oriente e o Ocidente, e aqui funda uma Igreja. O confronto com o judaísmo cede lugar ao encontro com outras correntes religiosas: Ártemis é a grande deusa de Éfeso. Priscila e Áquila dirigem a comunidade e ensinam com zelo. Dessa forma, eles expõem “mais exatamente o Caminho” a Apolo, que terá grande sucesso como catequista em Éfeso e em Corinto.

 

Mileto: as estruturas da Igreja

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No caminho de volta a Jerusalém, Paulo, “acorrentado pelo Espírito”, manda chamar os Anciãos da Igreja de Éfeso. Prediz a eles seu fim próximo e explicita sua obra: “Vai, porque é para os gentios, para longe, que eu quero enviar-te” (At 22,21). Exorta-os à vigilância, ao trabalho, ao auxílio aos pobres e aos fracos: “Há mais alegria em dar do que em receber” (At 20,35). Enfim, deixa-lhes em testamento a “construção do edifício”, ou, antes, a entrega ao poder da Palavra, “que tem o poder de construir”: a atividade da Palavra é primordial, é ela que constrói a Igreja.

 

A cena termina com emoção: a assembléia se ajoelha e reza, Paulo é abraçado; todos se recomendam a Deus e à sua Palavra. Esse episódio é importante para a história institucional da Igreja: esses Anciãos, ou presbyteroi, convocados por Paulo, e que ele qualifica como pastores e bispos, encarregados de alimentar e guiar espiritualmente, velando (é o sentido do nome bispo) sobre o povo de Deus, não recebem seus poderes da assembléia dos fiéis, mas, sim, do Espírito.

 

No decorrer de seu ministério “independente” e diante de situações inéditas, Paulo tinha, portanto, de trazer inovações ao plano doutrinal para poder justificar sua exortação aos fiéis de que se reunissem em comunidades unidas. De fato, Paulo conseguiu, por onde quer que passasse, criar Igrejas muito unidas, para que pudessem subsistir e se desenvolveradas às sinagogas.

Texto/Fonte: Vaticano On Line

Fotos/Fontes: Vaticano On Line

sábado, 18 de abril de 2009

Carisma ontem e hoje

 

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                                                               Foto/Fonte: Franciscanos.org.br

                                                    

1. O carisma é  graça, dom, manifestação do Espírito Santo em pessoas escolhidas, habilitando-as a iniciativas novas e especiais (vocação) em favor da comunidade eclesial, seja na linha do serviço, do testemunho, da misericórdia e da evangelização. Visa mais o bem dos outros que o próprio.


2. O Espírito Santo provê a Igreja de pessoas carismáticas que possam responder criativa e evangelicamente às urgências dos tempos e lugares (sinais dos tempos). Não obstante sua gratuidade, o carisma conta sempre com a colaboração humana: sensibilidade, acolhida, docilidade, compromisso das pessoas aos quais é concedido.


3. Todo carisma se situa na confluência de pelos menos três elementos: Deus e sua gratuidade, o ser humano e sua sensibilidade, o tempo e suas vicissitudes. "Tudo o que há de belo na história do mundo foi feito sem que soubéssemos, por um misterioso acordo entre a humilde e ardente paciência do homem e a doce piedade de Deus" (Tirado da dedicatória do livro Desterro e Ternura, de Eloi Leclerc). Deus é fonte dos carismas e os distribui a quem quer e com eles suscita, na Igreja e no mundo, inesperadas primaveras.


4."O Carisma fundacional de uma família religiosa como a Família Franciscana, resulta de uma experiência do Espírito, que se torna experiência fundante e que, em seguida, passa aos discípulos e discípulas para ser vivida, custodiada e desenvolvida em proveito do Povo de Deus e do Reino". Existe o carisma do fundador que tem sua especificidade.  Existe o carisma dos discípulos.


5. O carisma transmitido não é nenhuma camisa de força, inflexível, a ser  repetido repetitivamente, na marra, mas um dom benfazejo, aberto à dinâmica permanente do Espírito, que impele as pessoas a recriarem, no tempo presente, uma história parecida com a das origens, sob o influxo do mesmo Espírito.


6. O projeto franciscano nos convida a viver a fundo a experiência da fé em Deus e em Jesus Cristo. Sedento e faminto, o mundo busca pessoas que sejam referenciais desse absoluto, que desvelem o sentido da própria vida, que lhe indiquem a fonte  e  lhe apontem o onde ver a face e encontrar a proximidade de Deus. Retomando uma palavra de Paulo VI, o mundo busca pessoas que falem de um Deus que elas conhecem e que lhes seja familiar. Sem esta mística, sem esta contínua referência à profundidade da vida, sem esse mergulhar no Deus de Jesus Cristo, os irmãos  e  as irmãs de Francisco e de Clara podem até falar de Deus e anunciar o Evangelho, mas não serão mais do que nuvem sem água e árvore sem frutos. Só aquele que vive de Deus pode ser seu sacramento no mundo.


7. Uma das marcas do carisma é o fato de nos termos como irmãos e irmãs, entre nós e todos.O fraternismo é a conseqüência mais imediata da experiência de Deus como único Pai e Mãe de todas as criaturas.  São claras a nós, talvez mais do que poderiam ter sido a Francisco, as graves conseqüências para nossa própria Casa comum e para o próprio ser humano, do que poderia ser chamado de antropolatria, o culto e a celebração do homem por si mesmo. Dotado das poderosas armas de seu espírito, o ser humano, há séculos, comporta-se no mundo como se fora seu próprio e único senhor, à serventia do qual, tudo, literalmente tudo, deve estar disponível.  Os desastres deste modelo já não são, hoje, apenas pressentimentos e prognósticos. Eles vitimam não apenas outros seres criados, mas voltam-se sobre o próprio ser humano. Francisco aparece como aquele que compreendeu que a única  forma possível de vivermos humanamente é vivermos fraternalmente.


8. Esta proximidade  junto aos seres humanos, tão própria de nossa família franciscana, se traduz nessa sintonia com o coração do mundo e dos homens, pela qual nos colocaríamos em condições de captar afetiva, analítica e praticamente os reais apelos das verdadeiras necessidades de um mundo e de pessoas reais.


9. Os franciscanos sabem improvisar.  Não desconhecemos a necessidade de analisar, de prever, de programar. Sempre foi próprio dos irmãos e das irmãs de Francisco e Clara a flexibilidade, a imediatez e a improvisação criativa no socorro à vida. Quaisquer que sejam nossos empreendimentos, jamais podem abafar ou substituir nossa proximidade com as pessoas, com o povo, e absorver os irmãos e irmãs na sua operacionalidade. Empreendimentos não substituem o ser fraterno e a fraternidade, antes existe para viabilizá-lo.


10. Os franciscanos se aproximam de vidas mais fragilizadas. O encontro de Francisco com os leprosos divide a vida em um antes e um depois. Francisco cuida desses seres como se fossem o corpo de Cristo. Volta-se  com reverência e cortesia para as criaturas mais insignificantes. Alegra-se por tê-las tão perto e poder protegê-las.  Experimenta a alegria e a dor dos seres todos. "Cuidando dos rejeitados do mundo, Francisco começava a ascender à genuína nobreza que buscava, que seria descoberta não nas armas, ou em títulos e batalhas, glórias ou desafios. A honra não estaria na companhia dos mais fortes, dos mais atraentes, dos mais bem vestidos ou mais seguros na sociedade, mas entre os mais fracos, os mais desfigurados, os que estavam marginalizados, dependentes e desprezados "  (Donald Spoto, Francisco de Assis. O Santo relutante, p. 104).


11. Francisco abdica a todo poder, prestígio, ambições para escolher o caminho que desce socialmente.  Sai de Assis e vai para a periferia, em sinal de seu desacordo com o sistema e em resposta ao amor do Filho de Deus que se esvazia de sua divindade para tornar-se pobre, servidor dos humildes e morrendo na cruz, fora da cidade.Os franciscanos se sentem bem entre os humildes.  Alegram-se ao encontrarem pessoas insignificantes e desprezadas, entre pobres, fracos, enfermos, leprosos e os que mendigam pela rua.  Aproximam-se das criaturas com um olhar não possessivo, por isso elas se lhes revelam como irmãs e aliadas. Os franciscanos criam laços afetivos e não meramente ideológicos.

 

12. "Francisco desempenha hoje um papel invejável nos encontros ecumênicos e inter-religiosos, pois recebe comum aceitação e respeito não só de católicos mas de quantos acreditam nos valores humanos e na vida. É que ele não traz a marca da polêmica, mas da simpatia; não combate heresias, a não ser com o exemplo; valoriza mais a escuta do que a fala; e, no dizer de N. Kazantzakis, escuta a música dos pássaros, mas também lhe interpreta a letra. Em sua vida, busca o diálogo até com o sultão em tempo de plena cruzada; intervém para mediar a reconciliação entre o prefeito e o bispo de Assis e para restabelecer a paz em situações em que está rompida".


13. Assim o  carisma franciscano mostra sua atualidade. Subsiste uma misteriosa afinidade ou cumplicidade entre  o carisma franciscano e as melhores bandeiras que mobilizam a consciência atual, quais sejam: a bandeira da solidariedade para com os pequenos e a da justiça social, expressão prática da minoridade; a bandeira da paz, constitutiva do anúncio franciscano e tão cara a São Francisco; a bandeira da ecologia, que tem em Francisco  seu patrono e inspirador;  a bandeira da sobriedade e frugalidade, face ao consumismo, e a da fraternidade, face à tentação de medir as pessoas pelo poder ou riqueza que possuem; a bandeira do diálogo e do ecumenismo, em todos os níveis, como condição de sobrevivência de nossa espécie, e a bandeira das relações de gênero, chance histórica única confiada às atuais gerações.

 

Concluindo

Hoje e aqui, sob o império da mais-valia, do desejo de lucro, do consumismo, quando de forma avassaladora a antropolatria, na sua face mais cínica  a indiferença para com as criaturas, a exclusão dos pequenos, o aburguesamento -, a voracidade insaciável do sempre mais ter,  parece não reter seus passos nem mesmo no espaço religioso e eclesial, exatamente aqui, interpelam-nos Francisco e Clara a andarmos em outras trilhas.  Interpelam-nos a não esquecermos a partilha do pouco que somos e temos, a solidariedade dos pequenos gestos, que  se não são suficientes para afrontar a frieza do mundo e os abusos contra as criaturas, nem para debelar a complexidade das dissimetrias sociais e econômicas, a miséria das maiorias e a violência das guerras, declaradas ou não  pelo menos poderão levar o conforto de uma presença e um raio de esperança aos humildes: a esperança de que, no chão da América Latina e do Caribe, as trevas não haverão de ser isentas de luz na noite de seus sofrimentos.


Por:  Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM é Assistente Nacional para a OFS e Assistente Regional da OFS do Sudeste II

Fonte: Franciscanos.org.br

terça-feira, 14 de abril de 2009

São Paulo Apóstolo (Segunda Parte)

O INÍCIO DO MINISTÉRIO

Jerusalém: o encontro com Pedro

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                                                                     Foto/Fonte: Vaticano On Line


“Três anos mais tarde”, Saulo vai a Jerusalém para travar conhecimento com Cefas (de “Pedra”, em grego), o nome que dará sempre a Pedro — e fica “com ele quinze dias” (Gl 1,18). Sem dúvida, este último lhe ensina a tradição oral relativa a Jesus, que Paulo não conheceu (cf. 1Cor 11,23-35), e também uma interpretação cristológica dos profetas, segundo o ensinamento do Mestre a seus discípulos.


A visita é discreta: o único outro dirigente da Igreja que Paulo vê é “Tiago, o irmão do Senhor”. Paulo enriqueceu-se espiritualmente junto à Mãe-Igreja, mas não conseguiu se integrar a ela, provavelmente em razão de seu passado de zelador ou zelote. Foge até de uma tentativa de assassinato por parte dos judeus de língua grega (At 9,29-30).


Levam-no a partir para Tarso, onde retoma o ofício de construtor de tendas, continuando a proclamar sua fé nas sinagogas (At 18,3). São anos de amadurecimento pessoal.

                                                         

 

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                                                                       Foto/Fonte: Vaticano On Line

Antioquia: início da aventura missionária


No início dos anos 40, Barnabé é enviado pela Igreja de Jerusalém a Antioquia da Síria para tomar em suas mãos essa Igreja fundada pelos missionários helenistas expulsos de Jerusalém. Dirige-se a Tarso para buscar a ajuda de Paulo, e se torna um dos dirigentes da comunidade, evangelizando com grande sucesso. É o primeiro afastamento do ambiente da sinagoga, uma vez que Paulo prega também aos gregos. Forma-se, assim, uma comunidade mista. A “invenção” do título de cristãos, usado pela primeira vez em Antioquia, representa um dos mais belos frutos da pregação de Saulo nessa cidade.


A Igreja de Antioquia será daí para frente o centro de difusão do Evangelho e viverá independente do Templo e da vida na Judéia.


Essa comunidade de Antioquia dispõe de uma formação e uma organização sólidas. Assim, durante uma assembléia de oração, a inspiração da comunidade confirma a vocação pessoal. A voz do Espírito Santo se faz ouvir: “Escolhei para mim Barnabé e Saulo para a obra para a qual os chamei”; então, a assembléia reza, jejua, impõe as mãos sobre os dois homens, e envia-os em missão.


Barnabé e Paulo tomam o mar, rumo a Chipre. É também o Espírito Santo que os envia nessa direção: anunciam o Evangelho nas sinagogas a leste da ilha, em Salamina, depois a oeste, em Pafos. Lucas, a partir desse momento, chamará Saulo por seu nome romano, Paulo, sublinhando, assim, que ele assumiu com todos os direitos sua missão de se dirigir “às nações”.

 

Fundação de Igrejas na Ásia Menor


Paulo mergulha em terras pagãs, para além do Tauro, rumo a quatro cidades estratégicas para Roma, na estrada de Sabastópolis. Lucas apresenta como primeiro importante discurso missionário de Paulo o que este fez na sinagoga de Antioquia de Pisídia, nova colônia romana; diante da má acolhida por parte de uma maioria de judeus, Paulo se dirige aos pagãos. Paulo e Barnabé vão, então, para Icônio, Listra e Derbe. Os dois Apóstolos consolidam as jovens comunidades.


De um lado, encorajam a vida comunitária dos fiéis provenientes do judaísmo e novos convertidos vindos do paganismo, atraindo a inimizade dos chefes das sinagogas em que pregam. De outro, nomeiam “anciãos”, segundo o modelo da Igreja de Jerusalém. Realizada essa missão, voltam à grande cidade de Antioquia da Síria.

 

Fonte: Vaticano On Line

domingo, 5 de abril de 2009

São Paulo Apóstolo (primeira parte)

A CONVERSÃO / VOCAÇÃO

 

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                                                                       Foto / fonte: Vaticano On Line

 

Sabemos que Saulo foi um dos perseguidores da Igreja. E a caminho de uma dessas perseguições, ocorreu o seu encontro com o crucificado.

Saulo foi tomado pela luz Divida, derrubado do cavalo e ficou cego com essa inexplicável luz.

O início de sua conversão deu-se neste tempo de DOR-SOFRIMENTO-ANGÚSTIA-INTERIORIZAÇÃO-ESVAZIAMENTO-RENASCIMENTO-CURA FÍSICA/INTERIOR, como é certo ocorrer na vida de todos que buscam a santidade.

Acompanhemos o apóstolo Paulo em seu apostolado evangélico, a fim de que se há em nós algum tipo de cegueira, tenhamos a graça da Libertação.

 

 

Os Atos transcrevem a célebre frase ouvida no caminho para Damasco: “Saulo, Saulo, por que me persegues?” (At 9,4).


O relato que o próprio Paulo faz sobre a aparição do Ressuscitado traz uma grande agitação interior, conforme às vocações/conversões proféticas do Velho Testamento, portadoras também de uma missão: “Quando, porém, aquele que me separou desde o ventre materno e me chamou por sua graça se dignou revelar-me o seu Filho, para que eu o pregasse entre os pagãos, não consultei carne nem sangue” (Gl 1,15-17).


A “conversão” radical de Saulo não representa para ele uma mudança de religião: ele se sente mais judeu do que nunca, uma vez que é o “Deus de seus antepassados” que o manda pregar o Evangelho. O evangelizador dos pagãos continuará a pregar aos judeus o quanto possível, até seu último chamado de atenção, em Roma. A conversão e o batismo de Paulo significam que ele descobriu seu verdadeiro e justo lugar na vida de Israel. (grifo nosso)

Fonte: Vaticano On Line

 

Jesus não tinha religião. A conversão para Saulo não representou  uma mudança de religião. São Francisco e muitos outros exemplos de vida que tivemos neste mundo e, acredito eu, temos hoje também, não se importavam e não se importam com religião e sim com a CONVERSÃO E ADERÊNCIA A DEUS E, CONSEQUENTEMENTE AO SEU PROJETO DE AMOR.

 

Vamos acompanhar a caminhada de Saulo e “ouvir” o que ele tem a nos dizer, sempre inspirado pelo Espírito?

Porque um jumentinho e não um cavalo?

 

                 trabalhador

 

Hoje iniciamos a Semana Santa. Semana rica em meditações.

Creio que entre muitos de nós ocorre esta pergunta:

No dia que celebramos e recordamos o dia de ramos, porque Jesus entra na cidade de Jerusalém, sendo aclamado sob  ramos de palmas, montado num jumentinho e não num cavalo?

-  o jumentinho era utilzado por TRABALHADORES.

- os reis, os soldados e a “nobreza/burguesia” da época utilizavam os cavalos.

Excelente oportunidade para meditar sobre: “Qual a nossa missão no mundo?” Viemos para servir ou para sermos servidos?

Temos nos colocado a serviço? Como? de quem?

Temos preferência em estar ao lado dos pequeninos (pobres, marginalizados, excluídos?)

Que lugar tem ocupado a Senhora Dama Pobreza, a mais nobre de todas as damas, em nossos corações?

Com que olhos temos visto o Poder e a Humildade?

Temos sido compassivos com o próximo?

Que na vivência desta semana e de todos os dias procuremos buscar os mais preciosos bens espirituais para nossas vidas.

Abençoada e proveitosa semana para todos.

Paz e Bem.

 

PS: PRÓXIMO POST: SÃO PAULO APÓSTOLO (Primeira Parte)