sábado, 30 de agosto de 2008

O CHAMADO DE DEUS

O chamado de Deus

"Considerai, irmãos, quem sois, vós que recebestes o chamado de Deus: não há entre vós nem muitos sábios aos olhos dos homens, nem muitos poderosos, nem muita gente de família distinta. Mas o que é loucura no mundo, Deus escolheu para confundir o que é forte; aquilo que no mundo é vil e desprezado, aquilo que não é, Deus escolheu para reduzir a nada o que é, a fim de que nenhuma criatura possa orgulhar-se diante de Deus. É por Ele que vós existis no Cristo Jesus, que se tornou para nós sabedoria que vem de Deus, justiça, santificação e libertação a fim de que, como diz a Escritura, aquele que se orgulha orgulhe-se no Senhor." (1Cor1, 26-31)

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

COMO VENCER O DESÂNIMO


Como vencer o desânimo

Em certas ocasiões nos sentimos desanimados. Não é uma sensação boa. Normalmente sabemos os motivos que nos levam a ficar com tal sensação. As causas nos são conhecidas.
Um dos principais fatores do desânimo é a decepção. E o que é decepção? Nós humanos, vivemos de planos, nos envolvemos em projetos e nos comprometemos, nos empenhamos em realizá-los; isso em diversas dimensões: profissionais, familiares, na comunidade, enfim, nos meios em que vivemos.
Conforme a quantidade ou tamanho dos projetos que não se realizam, determinam a intensidade da decepção e geram o desânimo. Sobretudo naqueles projetos nos quais depositamos toda esperança, e os recheamos de boas intenções e imaginamos que iríamos dar ótimos frutos.
Mas é da dificuldade que nasce a solução. É nas trevas que nasce a luz. A decepção desanimou os discípulos de Jesus, frustrou-lhes a esperança; eles se dispersaram, pois não lhes era possível entender o filho de Deus morrer na cruz. Todavia, era necessária a morte para haver ressurreição. Só a ressurreição confirmaria a Boa Nova. O que era incompreensível, num primeiro momento, se tornou claro como o dia.
Francisco de Assis diante de fatos decepcionantes ou na dúvida, olhava para o céu e, de braços abertos, perguntava: “ o que queres que eu faça, Senhor?”, e sempre, das mais diferentes maneiras, obtinha resposta; na maioria das vezes, a princípio, não as entendia muito bem. É que os planos de Deus não são os nossos planos, ouvimos essa afirmação constantemente e também a vemos ao longo de toda história da humanidade, mas para nós, assim como para os discípulos e para Francisco, é difícil compreender. E é exatamente nessa hora que temos que perceber a ressurreição e perguntar: “ o que queres que eu faça, Senhor?”, pois a essa pergunta está associada a nossa fé em Deus, demonstra que cremos Nele, e assim, somente assim, teremos a sensibilidade de ouvir a Sua voz a nos dizer: “Não desanimes!”
Fonte: Revista Paz e Bem – OFS DO BRASIL – NOV/DEZ – 2007 (Mário Luís Borgonovi, OFS/SP) – Pág. 28.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

COMO FONTE DE ÁGUA VIVA


Como fonte de água viva

Tenho sentido que quando conhecemos o Amor de Deus e o expressamos, as pessoas ao nosso redor, abertas à graça, são contagiadas por esse Amor.
Um Frade de nossa Família Franciscana, que muito contribuiu no início de minha conversão, falava-me que quando amamos, o nosso coração transborda. E quando sentimos raiva ou rancor, nosso coração explode. Isso é verdade e é fato, pois um coração transbordante de amor pode ser comparado a uma fonte de água viva, que jorra, transborda, lava, torna tudo límpido, transparente e claro. Além de nos tornar saudáveis física e espiritualmente. É remédio para o corpo e espírito. Mas um coração tomado pelo rancor é uma verdadeira bomba-relógio, pronto para explodir a qualquer momento, assim como a pessoa sai de si e perde a razão. Isso sem falar que quem assim está, torna-se mais vulnerável a diversos tipos de doenças, pois está comprovado cientificamente que os sentimentos negativos diminuem a imunidade.
Ao contrário do ser humano, a natureza e toda criação sempre estão abertas a graça, pois são puras e isentas de qualquer tipo de maldade e negatividade. Mas assim como nós, ela sente a ação do homem e necessita de cuidados, proteção, carinho e amor, senão não sobrevivem. Em Gênesis, o Senhor nos diz que dominemos toda criação. Porém, não no sentido de posse, mas de administrá-la em favor da humanidade.
Amo fervorosamente e com toda alegria de espírito tudo que me foi concedido pelo Altíssimo, começando por minha vocação, assim como dizia Santa Clara – “a maior graça que me foi concedida pelo Pai das Misericórdias foi a minha vocação”.
Meu coração transborda no infinito Amor de Deus e com isso me foi concedido ver e contemplar o extraordinário, pois meus olhos estão fixados no olhar do Pai, buscando a realização de sua vontade. E o Senhor nos mostra a sua fidelidade, quando diz: “ Vocês verão ainda coisas muito mais extraordinárias que eu farei”.
O Senhor me concedeu conhecer o seu Amor através de situações vividas e pessoas que puseste em minha vida, que se abriram tão apaixonadamente ao seu Amor, que nada mais as agradam e as fazem tão felizes, quanto servirem apaixonadamente ao seu próximo e perseverarem até ver o resultado alcançado. É Deus se fazendo presente no coração humano. É amor, amizade, generosidade, compaixão sem medida. É a mais pura vivência da palavra: “Quem recebeu de graça, dê também de graça.”
Creio que a vivência da Palavra nos deixa com uma sensação de “maravilhamento” profundo diante de toda realidade criada pelo Altíssimo, que nos purifica e faz transbordar de tal forma, que tudo isso “arrasa” (no bom sentido) nossos corações de forma avassaladora para nos levar ao encontro definitivo com o Pai.
Agradeço a Deus por ter hoje, ao meu redor, irmãos que transbordam neste mesmo Amor e que ocupam um lugar escolhido por Ele em meu coração. Ele que nos une por obra de suas santas mãos e humano algum nem força alguma é capaz de abalar. Agradeço por me ter concedido participar da transformação da realidade criada por Ele e transformada negativamente e vergonhosamente pelo homem. Agradeço por hoje fazer parte da construção de seu Reino de Amor. Agradeço porque me foi concedido ter outra vida após esta.

A ARTE DE CALAR


A Arte de Calar

“O silêncio é um momento vivificante de graça,
em que a criatura se cala, mas o Espírito fala.”

Calar sobre sua própria pessoa, é humildade.
Calar sobre os defeitos dos outros, é caridade.
Calar quando a gente está sofrendo, é heroísmo.
Calar diante do sofrimento alheio, é covardia.
Calar diante da injustiça, é fraqueza.
Calar quando o outro está falando, é delicadeza.
Calar quando o outro espera uma palavra, é omissão.
Calar e não falar palavras inúteis, é penitência.
Calar quando não há necessidade de falar, é prudência.
Calar quando Deus nos fala no coração, é silêncio.
Calar diante do mistério que não entendemos, é sabedoria.
(autor desconhecido)

quarta-feira, 27 de agosto de 2008

ORAÇÃO


Oração

Sejamos todos ramos autênticos,
Ricos em cachos,
Da vinha de Jesus, acolhendo-O em nossas vidas:
Como Verdade – para dizê-la;
Como Vida – para vivê-la;
Como Luz – para sermos iluminados;
Como Amor – para sermos amados;
Como Caminho – para percorrê-lo;
Como Alegria – para dá-la;
Como Paz – para espalhá-la;
Como Sacrifício – para oferecê-lo às nossas famílias e ao nosso próximo.
Ó Jesus, liberta-me
Do desejo de ser amado,
Do desejo de ser elevado,
Do desejo de ser honrado,
Do desejo de ser louvado,
Do desejo de ser preferido,
Do desejo de ser consultado;
Do desejo de ser aprovado;
Do desejo de ser celebrado;
Do medo de ser desprezado;
Do medo de ser censurado;
Do medo de ser caluniado;
Do medo de ser esquecido;
Do medo de ser lesado;
Do medo de ser ridicularizado;
Do medo de ser suspeitado.
Amém!

Madre Teresa de Calcutá.

AMAR


Amar


“O amor tudo desculpa,
tudo crê, tudo espera,
tudo suporta.” (1Cor13, 7)

Uma esposa foi visitar um sábio conselheiro e disse-lhe que já não amava seu esposo e que pensava em separar-se.
O sábio escutou-a com atenção. Depois, olhou-a nos olhos e disse-lhe apenas uma palavra:
- “Ame-o”. E logo se calou.
- “ Mas já não sinto nada por ele!”
- “Ame-o”, disse-lhe novamente o sábio.
E diante do desconcerto da senhora, depois de um breve silêncio, disse-lhe o seguinte:
- “Amar é uma decisão, não um sentimento; amar é dedicação e entrega. Amar é um verbo e o fruto dessa ação é o amor.
O amor é um exercício de jardinagem: arranque o que faz mal, prepare o terreno, semeie, seja paciente, regue e cuide.
Esteja preparada porque virão pragas, secas ou excessos de chuvas mas nem por isso abandone o seu jardim.
Ame seu cônjuge, ou seja, aceite-o, valorize-o, respeite-o, dê afeto e ternura, admire-o e compreenda-o.
Isso é tudo, terminou o sábio.”

terça-feira, 26 de agosto de 2008

SOMOS SERVOS E NÃO SENHORES


Somos servos e não senhores

Vivemos num mundo onde as pessoas dão demasiado valor à autoridade e ao poder. Na maioria das vezes esse desejo ocorre de forma negativa porque quem assim o quer, quando consegue, administra de forma a dominar, a subestimar, desvalorizar e até humilhar quem permanece numa posição inferior. Pois àqueles sentem necessidade de autoridade e poder para dominar e não administrar o objeto de desejo para o bem do próximo.
Muitas vezes até, o desejo de poder sobrepõe a própria remuneração, pois o ego se exalta e a pessoa se vangloria e se orgulha de estar numa posição “supostamente” superior, pois sente que quem é mais, pode mais.
Por outro lado, o desejo de poder e autoridade podem ser vistos de forma positiva e construtiva, visando a administração do objeto de desejo para o bem do próximo. E isso ocorre quando quem o adquire, põe-se a serviço, como se estivesse na posição de quem está abaixo de si, e assim o faz com amor.
“Aqueles que foram constituídos acima dos outros se gloriem tanto deste ofício de prelado como se estivessem sido destinados ao ofício de lavar os pés dos irmãos.” (admoestações 4,2 – Fontes Franciscanas)
Francisco, com efeito, concebe a autoridade como serviço, simplesmente porque assim é dito no Evangelho. Jesus, o Filho de Deus, veio para servir. Francisco designa de ministros, ou seja, servos, os que são colocados à frente dos irmãos.
“Se alguém quiser ser o primeiro, seja o último de todos e servo de todos”. (Mc 9, 35)
E assim deverá ser entre nós. Caso contrário, estaríamos sendo maiores que o próprio Deus, que é Rei e Senhor. E estaríamos no caminho da perdição.
A natureza serve. A irmã água, tão preciosa, humilde e casta, lava e dessedenta. A nossa mãe terra produz frutos para a vida dos animais e dos humanos. A lei da vida é a do serviço.
Servir é a mais sublime maneira de amar. Cuidemos, pois, de estarmos apostos como verdadeiros soldados de Cristo, prontos para a batalha. Se for preciso até, humilhemo-nos, para que Ele nos exalte.

domingo, 24 de agosto de 2008

O SERVIÇO


O Serviço

No seio da nossa família, da nossa fraternidade, o que nos faz sentirmos mais irmanados e solidários, são os sinais de Deus e a sua misericórdia para conosco.
Podemos destacar entre tantos, o amor, o carinho, o respeito, a dedicação, o compromisso em executar de maneira precípua a vontade de Deus.
Para tanto, Deus nos fez irmãos e nos dotou de dons diferenciados, fazendo com que um irmão suprisse a carência do outro, mais ou menos assim como os cinco dedos da mão, que apesar de terem tamanhos diferentes, cada um cumpre com sua missão da melhor forma possível.
Na família, na fraternidade, precisamos colocar-nos a serviço. Não podemos ficar de braços cruzados. Temos muito que fazer. Se temos vontade de mudar o mundo, não é de braços cruzados que vamos conseguir.
Ao analisarmos, como Deus é bom, Ele que nos fez irmãos, também nos ofertou os dons para exercitarmos em benefício de toda a coletividade.
Todos somos importantes e vitais na nossa fraternidade. Sem o aconchego e o calor de nossas almas o que seria a igreja, a nossa fraternidade? Apenas uma casa vazia.
A fraternidade precisa do serviço de cada irmão, para consecução dos seus objetivos existenciais, que estão inseridos intrinsecamente na promoção e elevação espiritual de cada um, como um todo.
Observemos que dentro da nossa fraternidade, os dons ofertados pelo criador precisam ser lapidados. Existem irmãos que têm facilidade para cantar, portanto que sejam estimulados e aproveitados no ministério de música. Outros gostam de ler ou escrever, que auxiliem e participem da equipe de leitura e enfim que todos encontrem uma maneira de exercitar os dons em benefício da obra de Deus, que dever ser e é o projeto maior de todo cristão. Disse Jesus: “Aquele que não vive pra servir, não serve pra viver”.
Deixemos, portanto, a preguiça, a timidez, o comodismo, a ociosidade de lado, enfim, tudo o que atrapalha a nossa caminhada. Vamos à luta, meu irmão, porque sem luta não há vitória.
Fonte: Revista Paz e Bem – OFS DO BRASIL – JULHO/AGOSTO – 2006 (Geraldo Montenegro, OFS (PB) – pág.16.
Foto: OFS/RJ – Fraternidade N.Sra das Graças (24.08.08)

O SENHOR SEMPRE NOS ESPERA


O Senhor sempre nos espera

No dia 11.08.08, dia de nossa amada Santa Clara de Assis acordei com o pensamento voltado para a santa virgem de Assis e com a intenção de, após o dia de trabalho, assistir à Santa Missa em sua homenagem.
Ao cair da tarde, ao regressar do trabalho, rumo a Igreja, a cerca de 15 minutos da mesma, fiquei presa num engarrafamento de trânsito. Até comum para quem mora em área urbana, cidade grande.... só que neste dia não foi um engarrafamento comum.
Parada no trânsito, dentro do ônibus, os passageiros começaram a se movimentar para ver o que estava acontecendo, inclusive eu. E qual foi a minha surpresa? Tratava-se de assaltos em massa aos veículos parados. Aqui no Rio de Janeiro chamamos de “arrastão”.
O motorista abriu as portas do ônibus e não quis fechar e as pessoas começaram a ficar tensas. Eu pensava calmamente o que deveria fazer, sempre com o pensamento e o coração elevados a Jesus. E decidi sair dalí imediatamente para procurar um lugar seguro para me abrigar.
Saí do veículo e corri mais ou menos uns 5 km para me abrigar em um mercado mais próximo, aliás, o único que havia por ali. Passei por diversos homens armados, alguns notei que eram da segurança pública e outros não sabia quem eram. Porém, sempre com o pensamento elevado a Deus, Santa Clara e Nossa Senhora, consegui chegar ao mercado e permaneci abrigada lá dentro em torno de uma hora com muitas outras pessoas, que também aguardavam a violência cessar. Essa é a realidade que vivemos: saímos e retornamos de nossos lares e de nossos trabalhos buscando a paz e nos deparamos num ambiente de violência em massa.
Mas o melhor me esperava, como sempre acontece com quem tem o coração unido ao coração Sagrado de Jesus. Ele, que é o centro de nossas vidas. Não desisti de ir à missa, pois mesmo sabendo que chegaria lá no final da celebração, queria agradecer por ter chegado lá.
Quando pus os pés na entrada da Igreja, estava Ele lá, no Altar, presente na Eucaristia, suspenso nas mãos do sacerdote. Sim, Jesus estava lá, à minha espera. Eu olhei pra Ele, Ele olhou pra mim. Eu me ajoelhei e agradeci. O Senhor me esperou. Ele é fiel.
Com o coração voltado para Ele, Jesus, que é o centro de nossas vidas, tenho plena convicção: Ele está conosco, todos os dias e nos espera sempre, de braços abertos. Confiemos, pois, Ele vive e podemos crer no amanhã.
Paz e Bem.

sábado, 23 de agosto de 2008

O CARISMA FRANCISCLARIANO E NÓS

O Carisma Francisclariano e Nós

“Não perca de vista seu ponto de partida, conserve o que você tem, faça o que está fazendo e não o deixe mas, em rápida corrida, com passo ligeiro e pé seguro, confiante e alegre, avance com cuidado pelo caminho da bem-aventurança” (2 Ctin 11,14)

Clara e Francisco vivenciaram intensamente suas espiritualidades a partir dos dons divinos que receberam. Encarnaram esses dons escolhendo seguir o Evangelho segundo Jesus Cristo. Na Palavra eles encontraram o estímulo necessário para trazer para o dia-a-dia da vida vivida, os valores de vida escolhida. Assim eles atingiram um estado de libertação profunda e crescente, que os fez desabrochar a ponto de chegar à santidade.
Tendo Jesus como espelho, fundiram-se a Ele e O fizeram aparecer para os outros irmãos e irmãs, assim como para nós, oitocentos anos depois.
Clara e Francisco são duas referências carismáticas no mais verdadeiro sentido do termo, pois quando deixaram esse mundo, seus dons continuaram existindo e se perpetuaram. Quem é tocado pela chamada destes Santos tem seus dons pessoais também fertilizados.
Fonte: Revista Paz e Bem – OFS DO BRASIL – MAIO/JUNHO – 2007 (Cícero Bley Jr, OFS (PR) – pág.14.

FAZER TUDO BEM


Fazer tudo bem

Fazer tudo bem: é um dos maiores louvores que o Evangelho faz de Cristo.
Não faça nada mal feito, mal acabado. Saiba que nenhum trabalho desonra e todo trabalho pode ser um louvor a Deus.
Um dia, um gari de limpeza pública carregava uma lata de lixo que tinha um cheiro insuportável. Esperei que ele jogasse o lixo no caminhão e quis aperta-lhe a mão. Ele não queria, de modo algum, que eu lhe segurasse a mão, achando que ela estava suja. Expliquei, com absoluta sinceridade, que trabalho nenhum suja a mão humana. Suja a mão sim roubar, derramar sangue do próximo, não trabalhar por falta de coragem e malandragem...Claro que não trabalhar sem culpa, depois de procurar trabalho por toda parte, não é desonra nenhuma: é sofrimento!
Um dia, um garoto insistiu que o deixasse engraxar meus sapatos e eu, pensando em ajudá-lo, deixei. Comovi-me contemplando o pequenino herói. Tão criança, na idade em que as crianças brincam e vão à escola, ele ali estava, conquistando, honestamente, o dinheiro para a avó enferma, de quem é arrimo. E como deixou brilhantes os meus sapatos!
Voltemos lembrar: se depender de você não faça nada mal feito. Tem que fazer uma ponta de lápis? Que ela não saia rombuda e feia...
Seu trabalho é na cozinha? Por mais pobre que seja a família, tome conta da panela como certamente Nossa Senhora fazia em casa de Santa Isabel e na sua própria casa de Nazaré.
Não é só trabalho importante que deve ser feito com alma.
Em um Hospital, não basta que o médico seja fabuloso: a telefonista tem que estar alerta; o pessoal da portaria tem que ser acolhedor e amigo; as enfermeiras e ajudantes de enfermagem, os serventes, a turma da limpeza e da cozinha. Todos e toas...
Ah!Se cada um de nós desse conta de seu dever, sem jogar o trabalho em cima dos outros, sem desleixar, sem fazer cera, sem enrolar...
O mundo tomaria jeito diferente, se cada um, em trabalho importante ou simples, compreendido ou incompreendido, cumprisse o dever com toda a alma. Erros, injustiças a gente procura reclamar na hora exata. Mas só tem força moral para reclamar, quem cumpre o dever para ninguém botar defeito. Só é invencível, quem se sabe e se sente dentro do plano de Deus, participando do trabalho sagrado de dominar a natureza e completar a Criação.
Fonte: Revista Paz e Bem – OFS DO BRASIL – MAIO/JULHO – 2007 (DOM HÉLDER CÂMARA) – Pág. 4.

sexta-feira, 22 de agosto de 2008

A AMIZADE E A ORAÇÃO


A Amizade e a Oração

O mais importante é que um amigo reza pelo outro. A oração de um amigo é muito eficaz, porque sobe a Deus carregada de afeto e muitas vezes reforçada pelas lágrimas, que podem ser provocadas pelo temor do que possa estar acontecendo ao outro, simplesmente pelo bem querer ou mesmo causadas pela dor.
Como um amigo reza pelo outro a Jesus Cristo e deseja ser ouvido por Jesus Cristo por causa do outro, acaba dirigindo ao próprio Jesus seu amor e seu desejo. Então, muito depressa e sem a gente nem perceber, está passando de um afeto para o outro, dando a sensação de que estamos tocando de perto a doçura do próprio Cristo. O amigo começa a saborear como Jesus é doce e a experimentar como ele é suave(Cf Salmos 33 e 99).
Desse modo, partindo do amor santo com que se abraça o amigo, sobe-se ao amor com que abraçamos o próprio Jesus Cristo: assim, com alegria, enchemos a boca com o fruto da amizade espiritual, na espera da plenitude que se realizará no tempo futuro quando já não vai haver mais temor nenhum desses que agora nos deixam ansiosos e nos levam a nos preocuparmos um pelo outro, quando tiverem sido vencidas todas as adversidades que agora temos que enfrentar, quando tiverem sido destruídos a morte e seu aguilhão, que agora nos atormentam tantas vezes e nos obrigam a sofrer um pelo outro.
Quando tivermos alcançado a segurança, gozaremos eternamente do sumo bem: então a amizade, em que agora só admitimos alguns poucos, vai ser derramada sobre todos e de todos vai refluir para Deus, porque “Deus será tudo em todos” (1Cor15, 28)
Fonte: Livro LIVRES PARA AMAR - a castidade na visão franciscana (Fr. José Carlos Corrêa Pedroso OFM Cap) – pág. 42.

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

LIVRES PARA AMAR


LIVRES PARA AMAR

Assim como uma mãe nutre seu filhinho que acabara de nascer, com o leite materno que brota de seu seio e com o calor que emana do seu corpo virginal, Deus nos nutre, quando nos entregamos a Ele, com amor e afeto, nossa carência e todas as nossas necessidades, quando cremos nEle, confiamos e nos entregamos ao seu colo Paterno.
Não importa a idade. Necessitaremos de carinho, de afago e da proteção do Senhor, porque na verdade, somos para Ele criancinhas , que se sentem sós e desprotegidas, quando longe dos braços dos pais, as quais necessitam do alimento para sobreviver. E nós precisamos do alimento espiritual que só nEle podemos obter. O alimento, fonte de Vida Eterna, que recebemos pelo Espírito Santo no Pão Sagrado. Ele é o centro de nossas vidas. O Cristo Vivo e Verdadeiro. Nossa atenção deverá estar voltada somente para Ele. Devemos cuidar de disciplinar o nosso coração e a nossa mente para que não percamos nenhum segundo da Graça.
Francisco, quando sentia a visita do Espírito Santo, seja lá onde estivesse ou o que estivesse fazendo, parava, recolhia-se num canto, escondia o seu rosto no capuz e nas mangas de sua túnica, porque queria saborear cada segundo desta tão sublime visita. E assim permanecia. E seu coração era sua cela.
O amor que vem nos transformar, restaurar e nos dar a vida e vida em abundância. É o Amor de Deus. E clamemos ao Vosso Espírito Santo que assim como vinha até Francisco, venha também a nós, visitar-nos e fazer de nossos corações a sua morada. E é o nosso dever fazer de nossos corações um templo digno para a sua habitação.
Deixemos nossas preocupações, angústias, tristezas, anseios e desejos ao pé da Cruz de Nosso Senhor e fixemos nosso olhar, nosso coração em Jesus, o Centro de nossas vidas, pois Ele e só Ele conhece todas as nossas necessidades. Desta forma, libertar-mos-emos de tudo que nos aprisiona.
Deixaremo-nos e queiramos, pois, aprisionar somente pelo Espírito Santo e nos tornaremos livres para Amar a Deus e ao próximo.

Postado por Marinilce Araújo, às 15: 26 hs.

quarta-feira, 20 de agosto de 2008

IDENTIDADE DA ORDEM FRANCISCANA SECULAR


IDENTIDADE DA ORDEM FRANCISCANA SECULAR


Importante compreender com clareza o carisma, a missão e o papel profético da Ordem Franciscana Secular (OFS) na Igreja e na sociedade de hoje também com a finalidade de aumentar a comunhão vital recíproca entre os seculares e os religiosos das várias Ordens Franciscanas e na Família Franciscana.

A vocação dos franciscanos seculares nasce da vocação universal à santidade. Os leigos, participando do sacerdócio de Cristo, sempre mais unidos a ele, desenvolvem a graça do Batismo e da Crisma em todas as dimensões da vida pessoal, familiar, social e eclesial, e realizam assim o chamado à santidade, dirigido a todos os batizados (cf. Catecismo da Igreja Católica, n. 941).

Os franciscanos seculares na qualidade de penitentes buscam a conversão do coração sabendo que o próprio Deus haverá de plenificá-los. Nunca deixam de ler a Carta aos Fiéis de Francisco, dirigida aos que querem fazer penitência.

O processo de conversão que deve ser retomado a cada dia é essencial para concretizar a vida de penitência:

• É Deus quem dá o ponto de partida do processo de conversão: O Senhor concedeu a mim, Frei Francisco, começar a fazer penitência”. Aí está o momento da conversão do peniten
• Deus leva as pessoas a lugares onde elas não queriam ir.

• Em tais circunstâncias se realiza o mistério da confiança em Deus.

• O penitente aceita e coloca-se a serviço dos outros. Usa de misericórdia para com os outros.

• Conclusão: paz e felicidade, o doce se torna amargo e o amargo, doce.

Penitentes são aqueles que desejam abrir o próprio coração ao Senhor vivendo no meio de pessoas comuns e normais. A conversão é ato positivo de auto-realização, mudança do próprio coração que se abre para a ação de Deus em nós, em união com Jesus, na força do Espírito. A penitência se traduz também em obras de penitência como oração, jejum, esmola.

Os franciscanos, quaisquer que sejam eles, vivem o carisma evangélico de Francisco. Os seculares, conforme palavras da Regra, desejam tornar presente o carisma do comum Pai Seráfico na vida e na missão da Igreja.

Os franciscanos seculares seguem o mesmo caminho de Francisco no seguimento de Jesus, consistindo em sintonizar todo o seu interior no Senhor, verdadeiro Deus e verdadeiro Homem e que permanece junto de nós como Ressuscitado. Imitação de Cristo não quer dizer duplicação ou clonagem. Francisco foi “espelho de Cristo” e a nós cabe também espelhar o Senhor Jesus em nossas vidas.

Os franciscanos seculares seguem o Evangelho que é Jesus que foi centro da vida de Francisco. Assim fazendo eles se apresentam ao mundo com um semblante alegre. Alguns elementos concretos do seguimento:

• obediência ao Espírito Santo,

• confiança orante na Divina Providência,

• uso reconhecido e simples dos dons de Deus,

• alegria com as obras de Deus que nos cercam,

• alegria de serem cristãos na Igreja,

• alegria por poder trabalhar,

• vontade de colocar-se a serviço dos outros.

Os franciscanos seculares vivem a vida ordinária dos cristãos leigos.

Este texto segue de perto: Identità dell’ OFS, p. 92-96in Manuale per l’assistenza all’ OFS e alla Gifra - Conferência dos Assistentes Gerais da OFS

Por: Frei Almir Ribeiro Guimarães, OFM, é Assistente Nacional da OFS pela OFM e Assistente Regional da OFM na Região Sudeste II.