Prova da veneração de São Francisco de Assis é a belíssima "Saudação à Mãe de Deus"
Salve, ó senhora,
Rainha santa,
Mãe santa de Deus,
ó Maria,
que sois Virgem feita Igreja,
e escolhida pelo santíssimo Pai celestial,
que vos consagrou com seu santíssimo e dileto Filho e o Espírito Santo Paráclito!
Em vós residiu e reside toda a plenitude da graça
e todo o bem!
Salve, ó palácio do Senhor!
Salve, ó tabernáculo do Senhor!
Salve, ó morada do Senhor!
Salve, ó manto do Senhor!
Salve, ó serva do Senhor!
Salve, ó Mãe do Senhor,
e salve vós todas, ó santas virtudes, derramadas, pela graça e iluminação do Espírito Santo, nos corações dos fiéis, transformando-os de infiéis em fiéis do Senhor!
A tradição da Igreja se debruça sobre a história dessa mulher e a venera como mistério de fé. O culto àquela que a fé cristã chama de Nossa Senhora reside e se expressa, fundamentalmente, nos nomes com os quais a Igreja a aclama e cultua: Mãe de Deus, Virgem, Imaculada e Assunta aos Céus. Cada um destes títulos, revelando algo de Maria, tem o que dizer à mulher sobre sua identidade e sua missão.
Proclamar que Maria é Mãe de Deus significa trazer à luz toda a grandeza do mistério da mulher. Mistério de abertura, de fonte e proteção da vida. Em toda a Bíblia, desde o relato da Criação, a mulher está ligada à geração da vida: conhece as condições do seu lento germinar, de suas demoras, do paulatino desabrochar de sua fecundidade. Mãe de Jesus - o Filho de Deus e Deus mesmo - Maria com sua maternidade vive esta aliança com a vida até o seu ponto máximo e coloca a mulher no centro do mistério maior da fé cristã: o mistério da Encarnação.
No ventre da mulher Maria, onde é gerado o homem Jesus, o Deus vivo se encarna, toma carne humana, carne de homem e de mulher. E assim fazendo, consagra para sempre a condição humana como caminho para Deus e para a verdadeira vida e confirma a mulher como guardiã da esperança e da fé na vida, vencendo os sinais da morte e da esterilidade.
Venerar Maria como Virgem é também afirmar algo sobre a própria essência da mulher. A mulher é, fundamentalmente, aquela que Deus fez aberta, como espaço de liberdade para acolher, proteger, nutrir e abrigar o mistério: espaço disponível, virgem, pronto a hospedar todas as possibilidades, todos os horizontes, prestes a ser transpassada pela força do Altíssimo e impregnada pelo Verbo da Vida. Assim sendo, a mulher acena para aquilo que toda criatura humana é chamada a ser.
A virgindade de Maria abre perspectivas novas para a vocação de todo ser humano, chamado a ser tábua de carne disponível para as inscrições do Espírito Santo, espaço irrestrito e ilimitado onde o Espírito de Deus possa fazer maravilhas. Venerar Maria como Imaculada e cheia de graça significa dizer algo de suma importância sobre a mulher, incluindo sua corporeidade. A mulher, que o livro do Gênesis denunciava, em Eva, como causa do pecado original, colocando sobre todo o sexo feminino um fardo difícil de carregar, em Maria é proclamada bem-aventurada, imaculada, sem pecado.
Na pessoa de Maria de Nazaré, Deus fez a plenitude de suas maravilhas. É na carne e na pessoa de uma mulher que a humanidade pode ver, então, sua vocação e seu destino levados a bom termo, a criação chegada à sua meta.
Finalmente, crer e proclamar a Assunção de Maria aos céus em corpo e alma é trazer para a mulher um novo e promissor futuro.
O fato de pertencer ao depósito da fé, a afirmação de que uma mulher participa - integral e plenamente - da glória de Deus vivo, significa resgatar o corpo feminino de toda a humilhação que sobre ela fez pesar a civilização judaico-cristã. A Assunção de Maria restaura e reintegra essa corporeidade feminina no seio do mistério do próprio Deus.
A partir de Maria, a mulher tem a dignidade de sua condição reconhecida e assegurada pelo Criador dessa mesma corporeidade, definitivamente participante da glória do mistério trinitário.
(Texto extraído do Manual da Campanha da Fraternidade de 1990, com o tema "A Fraternidade e a Mulher")
Nenhum comentário:
Postar um comentário