sexta-feira, 27 de fevereiro de 2009

Jesus e o jejum

 

                                                                       

                                                                                             partilhadois

 

Então os discípulos de João Batista chegaram perto de Jesus e perguntaram:
- Por que é que nós e os fariseus jejuamos muitas vezes, mas os discípulos do senhor não jejuam?             
Jesus respondeu:
- Vocês acham que os convidados de um casamento podem estar tristes enquanto o noivo está com eles? Claro que não! Mas chegará o tempo em que o noivo será tirado do meio deles; então sim eles vão jejuar! (Mt 9,14-15)

Conversão é prática da justiça


Está em foco, nesta narrativa, a questão
da observância religiosa do jejum, conforme
os preceitos da Lei dos fariseus e sacerdotes
do templo. O jejum, no Primeiro Testamento,
tinha vários sentidos: sinal de luto e pesar, penitência
de arrependimento, reforço da oração
para mover a Deus. Os fariseus, com muita
piedade, jejuavam duas vezes por semana,
apresentando-se assim como intercessores
pelo povo junto a Javé. Era uma forma de
ostentar ares de piedade e conquistar louvores
e submissão dos humildes. São aparências
que encobrem a hipocrisia, descartada por
Jesus.
Jesus vem trazer alegria e felicidade, e
não castigo e punição. A conversão que ele
pede, diferentemente de fazer jejum e cobrir
a cabeça com cinzas, é o desapego da riqueza,
assumindo a prática da justiça, da fraternidade
e da solidariedade, partilhando a vida e os
bens com os famintos e excluídos, em uma
comunhão de vida que alegra o coração.


Fonte: Paulinas On Line

Cristo, pondo toda a sua confiança no Pai, embora apreciasse atenta e amorosamente as realidades criadas, escolheu para Si e para sua Mãe uma vida pobre e humilde; assim, os franciscanos seculares procurem, no desapego e no uso, um justo relacionamento com os bens temporais, simplificando as próprias exigências materiais; estejam, pois, conscientes de que, segundo o Evangelho, são administradores dos bens recebidos em favor dos filhos de Deus.

Assim, no espírito das “Bem-aventuranças”, se esforcem para purificar o coração de toda inclinação e avidez de posse e de dominação, como “peregrinos e forasteiros” a caminho da casa do Pai. (grifamos)

(Regra e Vida n. 11 – OFS).

Num mundo onde o TER se sobrepõe ao SER,  o PODER se sobrepõe a HUMILDADE,  a aparencia EXTERIOR se sobrepõe a INTERIOR,  o EGOÍSMO se sobrepõe a PARTILHA, dentre outras opções que vão contra a LIBERDADE, podemos e devemos “ sugar”, “aproveitar”, “exercitar”, “aprender” e “praticar”, a partir da riquíssima mensagem que o tempo quaresmal nos oferece, preciosos ensinamentos que nos tornem homens e mulheres repletos de Deus.

 

Um dos focos do jejum é o DESAPEGO, para seguir a Deus.

 

“Se você quer ser perfeito, vá, venda tudo o que tem, dê o dinheiro aos pobres, e você terá um tesouro no céu. Depois venha e siga-me.” (Mt19, 21.) (grifamos)

Não quero dizer que não precisamos de nada material para viver. Precisamos! O que ocorre é o exagero, o consumismo, o querer mais do que se precisa, a má administração dos bens recebidos em favor dos filhos de Deus, nossos irmãos, pois o que temos de bom, foi-nos dado pelas mãos do Pai. Portanto, somos apenas administradores e não donos, pois tudo e todos a Ele pertence.

Francisco jogou seus bens e de sua família pela janela, na época do início de sua conversão. Pensamos: Ele era louco! Sim, louco. Acreditamos que ninguém com mente sã faria algo parecido. Francisco despiu-se diante de uma praça de Assis, e devolveu suas roupas ao pai. Loucura? Sim! Se olharmos pelo lado negativo, tudo isso é loucura. Mas olhando pelo lado positivo, está aí o DESPOJAMENTO, o AMOR pela Sra. POBREZA.

Quero dizer  que podemos jejuar, meditando sobre os excessos de nossas vidas. O que nos enche e nos aprisiona? O que nos separa de Deus, focando nosso coração para outras coisas, senão Ele, o Princípio, Meio e Fim de tudo? Somos bons administradores dos bens recebidos pelo Pai das Misericórdias ou só queremos juntar? Estamos partilhando nossos bens, nossos corações, nosso tempo, nossas vidas, em favor dos preferidos de Deus? Somos obedientes? Dizemos SIM ao Senhor todos os dias, a exemplo de Maria, na Anunciação? Louvamos e Exaltamos o Senhor, assim como Maria, em seu Magnificat?

 

Enfatizo. Deus Não quer o sacrifício e Sim a misericórdia.

Posto isso, observamos como a oração, o jejum e a caridade estão intimamente interligados. Se optarmos por uma ou outra…e se uma ficar de fora, de nada adianta.

Recomendo como complementação desta meditação sobre o jejum, texto próprio do blog http://alegriaesantidade.blogspot.com. Nele, caríssimos irmãos, vocês poderão encontrar mais uma riquíssima fonte de meditação sobre o tema atualmente vivido.

 

Paz e Bem.

 

quinta-feira, 26 de fevereiro de 2009

Tempo Quaresmal

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Caríssimos, para complementar e fortalecer nossa vivência quaresmal e observar o significado das cinzas, recomendo para vocês as reflexões : E para quê colocar cinzas na cabeça?PEREGRINOS e FORASTEIROS – Itinerário a ser percorrido no tempo da quaresma,  no blog. Alegria e Santidade e no site Franciscanos, respectivamente.

 

Paz e Bem!

quinta-feira, 19 de fevereiro de 2009

Mensagem para a Quaresma de 2009

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Caríssimos, eu iria postar esta maravilhosa e riquíssima mensagem de nosso Pontífice na quarta-feira de cinzas.                               

Porém, como estarei viajando e não sei se retornarei nesse dia, estou postando hoje.           

Espero que esta mensagem ajude a todos  vocês, que assim desejarem,  a uma reflexão profunda, consoante o sentido da quaresma,

a nossa vocação e missão.

Ótimo feriado para todos!

Paz e Bem.

 

MENSAGEM DE SUA SANTIDADE
O PAPA BENTO XVI  PARA A QUARESMA DE 2009                                                               

 

"Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e,  

por fim, teve fome"  (Mt 4, 1-2)

 

Queridos irmãos e irmãs!

No início da Quaresma, que constitui um caminho de treino espiritual mais intenso, a Liturgia propõe-nos três práticas penitenciais muito queridas à tradição bíblica e cristã – a oração, a esmola, o jejum – a fim de nos predispormos para celebrar melhor a Páscoa e deste modo fazer experiência do poder de Deus que, como ouviremos na Vigília pascal, «derrota o mal, lava as culpas, restitui a inocência aos pecadores, a alegria aos aflitos. Dissipa o ódio, domina a insensibilidade dos poderosos, promove a concórdia e a paz» (Hino pascal). Na habitual Mensagem quaresmal, gostaria de reflectir este ano em particular sobre o valor e o sentido do jejum. De facto a Quaresma traz à mente os quarenta dias de jejum vividos pelo Senhor no deserto antes de empreender a sua missão pública. Lemos no Evangelho: «O Espírito conduziu Jesus ao deserto a fim de ser tentado pelo demónio. Jejuou durante quarenta dias e quarenta noites e, por fim, teve fome» (Mt 4, 1-2). Como Moisés antes de receber as Tábuas da Lei (cf. Êx 34, 28), como Elias antes de encontrar o Senhor no monte Oreb (cf. 1 Rs 19, 8), assim Jesus rezando e jejuando se preparou para a sua missão, cujo início foi um duro confronto com o tentador.



 

Podemos perguntar que valor e que sentido tem para nós, cristãos, privar-nos de algo que seria em si bom e útil para o nosso sustento. As Sagradas Escrituras e toda a tradição cristã ensinam que o jejum é de grande ajuda para evitar o pecado e tudo o que a ele induz. Por isto, na história da salvação é frequente o convite a jejuar. Já nas primeiras páginas da Sagrada Escritura o Senhor comanda que o homem se abstenha de comer o fruto proibido: «Podes comer o fruto de todas as árvores do jardim; mas não comas o da árvore da ciência do bem e do mal, porque, no dia em que o comeres, certamente morrerás» (Gn 2, 16-17). Comentando a ordem divina, São Basílio observa que «o jejum foi ordenado no Paraíso», e «o primeiro mandamento neste sentido foi dado a Adão». Portanto, ele conclui: «O “não comas” e, portanto, a lei do jejum e da abstinência» (cf. Sermo de jejunio: PG 31, 163, 98). Dado que todos estamos estorpecidos pelo pecado e pelas suas consequências, o jejum é-nos oferecido como um meio para restabelecer a amizade com o Senhor. Assim fez Esdras antes da viagem de regresso do exílio à Terra Prometida, convidando o povo reunido a jejuar «para nos humilhar – diz – diante do nosso Deus» (8, 21). O Omnipotente ouviu a sua prece e garantiu os seus favores e a sua protecção. O mesmo fizeram os habitantes de Ninive que, sensíveis ao apelo de Jonas ao arrependimento, proclamaram, como testemunho da sua sinceridade, um jejum dizendo: «Quem sabe se Deus não Se arrependerá, e acalmará o ardor da Sua ira, de modo que não pereçamos?» (3, 9). Também então Deus viu as suas obras e os poupou.

 

No Novo Testamento, Jesus ressalta a razão profunda do jejum, condenando a atitude dos fariseus, os quais observaram escrupulosamente as prescrições impostas pela lei, mas o seu coração estava distante de Deus. O verdadeiro jejum, repete também noutras partes o Mestre divino, é antes cumprir a vontade do Pai celeste, o qual «vê no oculto, recompensar-te-á» (Mt 6, 18). Ele próprio dá o exemplo respondendo a satanás, no final dos 40 dias transcorridos no deserto, que «nem só de pão vive o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus» (Mt 4, 4). O verdadeiro jejum finaliza-se portanto a comer o «verdadeiro alimento», que é fazer a vontade do Pai (cf. Jo 4, 34). Portanto, se Adão desobedeceu ao mandamento do Senhor «de não comer o fruto da árvore da ciência do bem e do mal», com o jejum o crente deseja submeter-se humildemente a Deus, confiando na sua bondade e misericórdia.

 

Encontramos a prática do jejum muito presente na primeira comunidade cristã (cf. Act 13, 3; 14, 22; 27, 21; 2 Cor 6, 5). Também os Padres da Igreja falam da força do jejum, capaz de impedir o pecado, de reprimir os desejos do «velho Adão», e de abrir no coração do crente o caminho para Deus. O jejum é também uma prática frequente e recomendada pelos santos de todas as épocas. Escreve São Pedro Crisólogo: «O jejum é a alma da oração e a misericórdia é a vida do jejum, portanto quem reza jejue. Quem jejua tenha misericórdia. Quem, ao pedir, deseja ser atendido, atenda quem a ele se dirige. Quem quer encontrar aberto em seu benefício o coração de Deus não feche o seu a quem o suplica» (Sermo 43; PL 52, 320.332).

 

Nos nossos dias, a prática do jejum  parece ter perdido um pouco do seu valor espiritual e ter adquirido antes, numa cultura marcada pela busca da satisfação material, o valor de uma medida terapêutica para a cura do próprio corpo. Jejuar sem dúvida é bom para o bem-estar, mas para os crentes é em primeiro lugar uma «terapia» para curar tudo o que os impede de se conformarem com a vontade de Deus. Na Constituição apostólica Paenitemini de 1966, o Servo de Deus Paulo VI reconhecia a necessidade de colocar o jejum no contexto da chamada de cada cristão a «não viver mais para si mesmo, mas para aquele que o amou e se entregou a si por ele, e... também a viver pelos irmãos» (Cf. Cap. I). A Quaresma poderia ser uma ocasião oportuna para retomar as normas contidas na citada Constituição apostólica, valorizando o significado autêntico e perene desta antiga prática penitencial, que pode ajudar-nos a mortificar o nosso egoísmo e a abrir o coração ao amor de Deus e do próximo, primeiro e máximo mandamento da nova Lei e compêndio de todo o Evangelho (cf. Mt 22, 34-40).

 

A prática fiel do jejum contribui ainda para conferir unidade à pessoa, corpo e alma, ajudando-a a evitar o pecado e a crescer na intimidade com o Senhor. Santo Agostinho, que conhecia bem as próprias inclinações negativas e as definia «nó complicado e emaranhado» (Confissões, II, 10.18), no seu tratado A utilidade do jejum, escrevia: «Certamente é um suplício que me inflijo, mas para que Ele me perdoe; castigo-me por mim mesmo para que Ele me ajude, para aprazer aos seus olhos, para alcançar o agrado da sua doçura» (Sermo 400, 3, 3: PL 40, 708). Privar-se do sustento material que alimenta o corpo facilita uma ulterior disposição para ouvir Cristo e para se alimentar da sua palavra de salvação. Com o jejum e com a oração permitimos que Ele venha saciar a fome mais profunda que vivemos no nosso íntimo: a fome e a sede de Deus.

 

Ao mesmo tempo, o jejum ajuda-nos a tomar consciência da situação na qual vivem tantos irmãos nossos. Na sua Primeira Carta São João admoesta: «Aquele que tiver bens deste mundo e vir o seu irmão sofrer necessidade, mas lhe fechar o seu coração, como estará nele o amor de Deus?» (3, 17). Jejuar voluntariamente ajuda-nos a cultivar o estilo do Bom Samaritano, que se inclina e socorre o irmão que sofre (cf. Enc. Deus caritas est, 15). Escolhendo livremente privar-nos de algo para ajudar os outros, mostramos concretamente que o próximo em dificuldade não nos é indiferente. Precisamente para manter viva esta atitude de acolhimento e de atenção para com os irmãos, encorajo as paróquias e todas as outras comunidades a intensificar na Quaresma a prática do jejum pessoal e comunitário, cultivando de igual modo a escuta da Palavra de Deus, a oração e a esmola. Foi este, desde o início o estilo da comunidade cristã, na qual eram feitas colectas especiais (cf. 2 Cor 8-9; Rm 15, 25-27), e os irmãos eram convidados a dar aos pobres quanto, graças ao jejum, tinham poupado (cf. Didascalia Ap., V, 20, 18). Também hoje esta prática deve ser redescoberta e encorajada, sobretudo durante o tempo litúrgico quaresmal.

 

De quanto disse sobressai com grande clareza que o jejum representa uma prática ascética importante, uma arma espiritual para lutar contra qualquer eventual apego desordenado a nós mesmos. Privar-se voluntariamente do prazer dos alimentos e de outros bens materiais, ajuda o discípulo de Cristo a controlar os apetites da natureza fragilizada pela culpa da origem, cujos efeitos negativos atingem toda a personalidade humana. Exorta oportunamente um antigo hino litúrgico quaresmal: «Utamur ergo parcius, / verbis, cibis et potibus, / somno, iocis et arcitius / perstemus in custodia – Usemos de modo mais sóbrio palavras, alimentos, bebidas, sono e jogos, e permaneçamos mais atentamente vigilantes».

 

Queridos irmãos e irmãos, considerando bem, o jejum tem como sua finalidade última ajudar cada um de nós, como escrevia o Servo de Deus Papa João Paulo II, a fazer dom total de si a Deus (cf. Enc. Veritatis splendor, 21). A Quaresma seja portanto valorizada em cada família e em cada comunidade cristã para afastar tudo o que distrai o espírito e para intensificar o que alimenta a alma abrindo-a ao amor de Deus e do próximo. Penso em particular num maior compromisso na oração, na lectio divina, no recurso ao Sacramento da Reconciliação e na participação activa na Eucaristia, sobretudo na Santa Missa dominical. Com esta disposição interior entremos no clima penitencial da Quaresma. Acompanhe-nos a Bem-Aventurada Virgem Maria, Causa nostrae laetitiae, e ampare-nos no esforço de libertar o nosso coração da escravidão do pecado para o tornar cada vez mais «tabernáculo vivo de Deus». Com estes votos, ao garantir a minha oração para que cada crente e comunidade eclesial percorra um proveitoso itinerário quaresmal, concedo de coração a todos a Bênção Apostólica.

 

Vaticano, 11 de Dezembro de 2008.

BENEDICTUS PP. XVI

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Fraternidade e Segurança Pública

Conferência Nacional dos Bispos do Brasil - CNBB -  inicia a Campanha da Fraternidade de 2009 desejando que ela seja o grande esforço da Igreja no Brasil para viver intensamente o tempo santo da Quaresma, através da escuta atenta da Palavra, e do compromisso pessoal e comunitário de seguir suas exigências.


Este ano, a Campanha da Fraternidade apresenta-nos como tema “Fraternidade e segurança pública” e como lema: “A paz é fruto da Justiça (Is 32,17)”.  A CNBB pretende, com esta Campanha, debater a segurança pública, com a finalidade de colaborar na criação de condições para que o Evangelho seja mais bem vivido em nossa sociedade por meio da promoção de uma cultura da paz, fundamentada na justiça social.

 

Diariamente, chegam de todos os cantos do país notícias de injustiças e violências as mais diversas. Nossa sociedade se torna cada vez mais insegura, e a convivência entre as pessoas é cada vez mais difícil e delicada. A CNBB quer contribuir para que esse processo seja revertido através da força transformadora do Evangelho. Todos somos convidados a uma profunda conversão, e a assumir as atitudes e opções de Jesus, únicos valores capazes de garantir, de verdade, a eficaz construção de uma sociedade mais justa e solidária e, conseqüentemente, mais segura.




Celebrar a Quaresma implica, também, assumir juntos, num autêntico mutirão, como povo de Deus, a busca da paz e da concórdia, autênticos dons de Deus, mas frutos, também, de nossa co-responsabilidade. A dimensão comunitária da Quaresma é, no Brasil, vivenciada e assumida pela Campanha da Fraternidade. Focalizando a cada ano uma situação específica da realidade social, a Campanha da Fraternidade nos ajuda a viver concretamente a experiência da Páscoa de Jesus na vida do povo. Ela mantém e fortalece o espírito quaresmal.

Dom Dimas Barbosa, Secretário Geral da CNBB
Pe. José Adalberto Vanzella, Secretário Executivo da Campanha da Fraternidade

INTRODUÇÃO

1. A Campanha da Fraternidade de 2009 quer ser o grande esforço da Igreja no Brasil para viver intensamente o tempo santo da Quaresma, constituindo-se como um extraordinário instrumento para que todos busquem a conversão e vivam um tempo de graça e salvação.


2. Através da oração, do jejum, da prática da caridade, da escuta da Palavra, da  participação nos sacramentos e na vida comunitária e da prática do amor solidário, nos preparamos para viver, de maneira intensa, o momento mais importante do ano litúrgico e da história da salvação: a Páscoa. A Campanha da Fraternidade mantém e fortalece o espírito quaresmal, mostrando ser positivo o fato de ela acontecer durante este tempo litúrgico.

 

3. Este ano, a Campanha da Fraternidade apresenta-nos como tema “Fraternidade e segurança pública”. Mostra a preocupação da Igreja no Brasil em criar condições para que o Evangelho seja melhor vivido em uma sociedade que, a cada dia, se torna mais violenta e insegura para as pessoas e procura contribuir para que este processo seja revertido  através da força transformadora do Reino de Deus.


4. O objetivo geral da Campanha da Fraternidade de 2009 é suscitar o debate sobre a segurança  pública e contribuir para a promoção da cultura da paz nas pessoas, na família, na comunidade e na sociedade, a fim de que todos se empenhem efetivamente na construção da justiça social que seja garantia de segurança para todos. A paz buscada é a paz positiva, orientada por valores humanos como a solidariedade, a fraternidade, o respeito ao “outro” e a mediação pacifica dos conflitos, e não a paz negativa, orientada pelo uso da força das armas, a intolerância com os “diferentes”,  e tendo como foco os bens materiais.


5. Para que o objetivo geral seja atingido, são propostos objetivos específicos:


• Desenvolver nas pessoas a capacidade de reconhecer a violência na sua realidade pessoal e social, afim de que possam se sensibilizar e se mobilizar, assumindo sua responsabilidade pessoal no que diz respeito ao e à promoção da cultura da paz.


• Denunciar a gravidade dos crimes contra a ética, a economia e as gestões públicas, assim como a injustiça presente nos institutos da prisão especial, do foro privilegiado e da imunidade parlamentar para crimes comuns.


• Fortalecer a ação educativa e evangelizadora, objetivando a construção da cultura da paz, a conscientização sobre a negação de direitos como causa da violência e o rompimento com as visões de guerra, as quais erigem a violência como solução para a violência.


• Denunciar a predominância do modelo punitivo presente no sistema penal brasileiro, expressão de mera vingança, a fim de incorporar ações educativas, penas alternativas e fóruns de mediação de conflitos que visem à superação dos problemas e à aplicação da justiça restaurativa.

• Favorecer a criação e a articulação de redes sociais populares e de políticas públicas com vistas à superação da violência e de suas causas e à difusão da cultura da paz.

• Desenvolver ações que visem à superação das causas e dos fatores da insegurança.

• Despertar o agir solidário para com as vítimas da violência.

• Apoiar as políticas governamentais valorizadoras dos direitos humanos.

 

6. O texto utiliza o método VER, JULGAR e AGIR. O método VER- JULGAR-AGIR, consagrado pela Ação Católica, tem se mostrado adequado para a missão profética da Igreja a partir da Campanha da Fraternidade. O VER se constitui, a partir de uma apresentação da realidade como marco referencial. O JULGAR anuncia os valores do Reino e suas decorrências éticas, constituindo-se no referencial teórico. Esses valores são iluminativos para os gestos concretos da terceira parte do Texto-base: o AGIR.

 

Caminhos para superação de conflitos

58. A superação dos conflitos exige os seguintes elementos:

• capacidade de diálogo - pela qual as partes envolvidas procuram expor com clareza seu ponto de vista sobre a questão e procuram entender o ponto de vista discordante, sem absolutizações ou reducionismos, valendo-se principalmente da força e da legitimidade dos argumentos;


• legitimidade de instâncias mediadoras — o diálogo, muitas vezes, não é fácil por uma série de motivos e a mediação, seja de pessoas, seja de instituições, seja do Estado, se faz necessária. Essa mediação deve ser legítima, ou seja, a instância mediadora deve ser reconhecida entre as partes, gozar de amparo, seja legal, seja moral, e ter competência para realizá-la (entendendo competência não simplesmente como estar capacitado, mas também como pertinência, isto é, algo próprio da sua situação, que lhe diga respeito);

• identificação do problema real - ela é necessária para que as pessoas não fiquem simplesmente discutindo questões aparentes ou trocando acusações sobre atos realizados, o que impossibilita a superação do conflito;

• delimitação da questão -  é comum ouvirmos que pessoas “fazem tempestade em copo de água’.  Se não delimitamos corretamente o problema, podemos ser simplistas diante dele ou absolutizá-lo e transformá-lo em um monstro de sete cabeças que não pode ser superado. A delimitação da questão é fundamental para encontrar caminhos reais para superá-la;

• clareza de critérios de análise -  se não temos critérios claros, podemos ser ambíguos, equívocos ou ficar falando línguas diferentes, o que só agrava o conflito;

• distinção entre consenso e demanda -  a superação do conflito, às vezes, é fácil, ocorrendo por via consensual, porém, outras vezes, esse processo torna-se longo, demorado, complicado e seus resultados dificilmente satisfazem ambas as partes;

• compromisso com as decisões tomadas -  caso não haja esse compromisso, as decisões geram novos conflitos e o problema tende a agravar-se;

• compromisso ético -  para que os conflitos sejam de fato superados, é necessário que ambas as partes tenham reta intenção e busquem o bem e a verdade.


59. Para prevenir conflitos violentos, é absolutamente necessário que a paz comece a ser vivida, como valor profundo, no íntimo de cada pessoa, pois assim poderá estender-se às famílias e às diversas formas de agremiação social, até envolver toda a comunidade
Política (18). Em um clima difuso de concórdia e de respeito à justiça, pode amadurecer a verdadeira cultura de paz (19), cuja proposta está baseada nos seguintes pressupostos:


• o respeito à vida e à sua dignidade;
• a prática da não-violência em todas as suas formas (física, sexual, psicológica, econômica e social);
• a prática da generosidade para terminar com a exclusão, a injustiça e a opressão política e econômica;
• a defesa da liberdade de expressão e da diversidade cultural;
• a promoção do consumo responsável e de um desenvolvimento econômico que preze o equilíbrio no uso dos recursos naturais do planeta;
• a plena participação das mulheres na vida social e o respeito aos valores democráticos(20).

 

(18) Cf. Catecismo da Igreja Católica n. 2317 in Compêndio de Doutrina Social da Igreja, p. 276
(19) Cf. João Paulo II, Discurso ao Corpo Diplomático (13 de janeiro de 1997)
(20) Cf.
www.unesco.org/manifesto2000

Trecho do texto-base da Campanha da Fraternidade 2009

Oração da CF 2009

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            Cartaz da campanha

Bom é louvar-vos, Senhor, nosso Deus,
que nos abrigais à sombra de vossas asas,
defendeis e protegeis a todos nós, vossa família,
como uma mãe, que cuida e guarda seus filhos.

 

Nesse tempo em que nos chamais à conversão,
à esmola, ao jejum, à oração e à penitência,
pedimos perdão pela violência e pelo ódio
que geram medo e insegurança.
Senhor, que a vossa graça venha até nós
e transforme nosso coração.

 

Abençoai a vossa Igreja e o vosso povo,
para que a Campanha da Fraternidade
seja um forte instrumento de conversão.

 

Sejam criadas as condições necessárias
para que todos vivamos em segurança,
na paz e na justiça que desejais.


Amém.

segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

11 Fevereiro - Nossa Senhora de Lourdes


No dia 08 de dezembro de 1854, o Bem-aventurado Papa Pio IX promulgou o dogma da Imaculada Conceição de Maria. A Bula "Ineffabilis Deus", afirma: "a Virgem Maria foi preservada, por especial graça e privilégio de Deus onipotente, em previsão dos méritos de Jesus Cristo, Salvador da humanidade, de qualquer mancha do pecado original, desde o primeiro instante da sua concepção".

As aparições marianas em Lourdes, na França, começaram menos de quatro anos depois, no dia 11 de fevereiro de 1858. Deus quis que Sua Mãe se manifestasse à uma pobre e analfabeta camponesa chamada Bernardete Soubirous, de catorze anos de idade. A jovem participou das dezoito aparições na gruta de Massabielle, onde a Virgem lhe indicou a pedra, da qual brotou a fonte de água, para aplacar sua sede. Assim, nasceu o culto à Nossa Senhora de Lourdes, cuja água milagrosa propicia muitas curas ainda hoje.

Nas mensagens de Lourdes, Maria transmitiu sua Imaculada Conceição, a necessidade da verdadeira conversão dos cristãos, e da oração diária do terço. Ou seja, deixou claro que Deus não deseja a morte do pecador, mas que ele se converta e viva, em abundância. Por isso, pediu que aquele lugar fosse transformado em santuário. Encravado nos montes Pirineus, perto da fronteira com a Espanha, o pequeno povoado de Lourdes se tornou uma das metas de peregrinação mariana mais populares da Europa. Milhões de devotos e turistas de todas as partes do mundo, visitam o local todos os anos, para agradecer milagres, pedir graças e buscar a água sagrada.

Mas o grande milagre de Lourdes é a manifestação da Imaculada Conceição de Maria à luz da Eucaristia. Melhor dizendo, a Virgem sem pecado vem em socorro dos pecadores, para perpetuar o milagre da Eucaristia. Prodígio este, que continua acontecendo durante as procissões em Lourdes. O Cristo Eucarístico passa por entre os peregrinos doentes, no corpo e na alma a todos e realiza uma salvação ainda mais contundente e profunda, abençoando.


A festa anual de Nossa Senhora de Lourdes é celebrada em 11 de fevereiro, aniversário da primeira aparição. Nela a Igreja Católica recorda o fundamento da mensagem evangélica deixado pela Mãe: a oração e a penitência são os caminhos para que Cristo possa se firmar em cada gênero humano e na sociedade.


A partir de 1858, todos os milagres de curas ocorridos no Santuário de Lourdes são estudados com muito rigor e só depois reconhecidos. Também, são numerosas as curas de almas, embora mais difíceis de comprovação. Em 1991, o Papa João Paulo II instituiu a comemoração do Dia Mundial do Doente junto com a festa de Nossa Senhora de Lourdes. Além de dispor que, a cada ano, a celebração se realizasse em um Continente diferente. De tal modo, somou ao sentido de universalidade da dor, aquele da esperança da salvação em Jesus Cristo: "única resposta autêntica à dor, ao sofrimento e à morte". (3a. Mens. JPII).

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

REGRA n.19 - OFS


Como portadores da paz e lembrando-se de que ela deve ser construída incessantemente, procurem os caminhos da unidade e dos entendimentos fraternos mediante o diálogo, confiantes na presença do germe divino que existe no homem e na força transformadora do amor e do perdão.

Mensageiros da perfeita alegria, procurem,em qualquer circunstância, levar aos outros a alegria e a esperança.

Inseridos na Ressurreição de Cristo, que dá o verdadeiro sentido à Irmã Morte, encaminhem-se serenamente ao encontro definitivo com o Pai. (Regra n. 19 – OFS)

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2009

SELINHO CAMINHO E SANTIDADE


Carinhosamente, presenteio com este selinho Caminho e Santidade, os blogs abaixo:








Deus abençõe a todos!

terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

Selo BLOGUEIRO FIEL


Presenteio com este Selo de BLOGUEIRO FIEL o Blog http://www.vidaesantidade.net/ (Vida e Santidade) do meu querido amigo Théo Freire, por toda Fidelidade e Dedicação ao bem comum, emanado por Deus Altíssimo, a todos que puseste em seu caminho e em sua vida, para amar e cuidar.

Este selinho representa apenas uma gotinha do meu carinho e estima por sua maestria no trato com o próximo.

Bjokas!

domingo, 1 de fevereiro de 2009

Cuidado com nossa mãe terra



Carta de São Francisco aos governantes dos povos



Leonardo Boff



Quase no final de sua vida, Francisco de Assis escreveu uma carta aberta aos governantes dos povos. Mais de mil franciscanos, vindos do mundo inteiro, reunidos em Brasília em meados de outubro, tentaram reescrevê-la. Dei minha colaboração, proibida pelo bispo local, nestes termos:

“A todos os chefes de Estado e aos portadores de poder neste mundo, eu Frei Francisco de Assis, vosso pequenino e humilde servo, lhes desejo Paz e Bem.

Escrevo-vos esta mensagem com o coração na mão e com os olhos voltados ao alto em forma de súplica.

Ouço, vindo de todos os lados, dois clamores que sobem até ao céu. Um, é o brado da Mãe Terra terrivelmente devastada. E o outro, é a queixa lancinante dos milhões e milhões de nossos irmãos e irmãs, famintos, doentes e excluídos, os seres mais ameaçados da criação.

É um clamor da injustiça ecológica e da injustiça social que implora urgentemente ser escutado.

Meus irmãos e irmãs constituídos em poder: em nome daquele que se anunciou como o “soberano amante da vida”(Sabedoria 11,26) vos suplico: façamos uma aliança global em prol da Terra e da vida.
Temos pouco tempo e falta-nos sabedoria. A roda do aquecimento global do Planeta está girando e não podemos mais pará-la. Mas podemos diminuir-lhe a velocidade e impedir seus efeitos catastróficos.
Não queremos que a nossa Mãe Terra, para salvar outras vidas ameaçadas por nós, se veja obrigada a nos excluir de seu próprio corpo e da comunidade dos viventes.

Por tempo demasiado nos comportamos como um Satã, explorando e devastando os ecossistemas, quando nossa vocação é sermos o Anjo Bom, o Cuidador e o Guardião de tudo o que existe e vive.

Por isso, meus senhores e minhas senhoras, aconselho-vos firmemente que penseis não somente no desenvolvimento sustentável de vossas regiões. Mas que penseis no planeta Terra como um todo, a única Casa Comum que possuímos para morar, para que ela continue a ter vitalidade e integridade e preserve as condições para a nossa existência e para a de toda a comunidade terrenal.
A tecno-ciência que ajudou a destruir, pode nos ajudar a resgatar. E será salvadora se a razão vier acompanhada de sensibilidade, de coração, de compaixão e de reverência.

Advirto-vos, humildemente, meus irmãos e irmãs, que se não fizerdes esta aliança sagrada de cuidado e de irmandade universal deveis prestar contas diante do tribunal da humanidade e enfrentar o Juízo do Senhor da história.
Queremos que nosso tempo seja lembrado como um tempo de responsabilidade coletiva e de cuidado amoroso para com a Mãe Terra e para com toda a vida.

Por fim, irmãos e irmãs, modeladores e modeladoras de nosso futuro comum: recordeis que a Terra não nos pertence. Nós pertencemos a ela pois nos gestou e gerou como filhos e filhas queridos. Custo aceitar que depois de tantos milhões e milhões de anos sobre esse planeta esplendoroso, tenhamos que ser expulsos dele.

Pela iluminação que me vem do Alto, pressinto que não estamos diante de uma tragédia cujo fim é desastroso. Estamos dentro de uma crise que nos acrisolará, nos purificará e nos fará melhores. A vida é chamada à vida. Nascidos do pó das estrelas, o Senhor do universo nos criou para brilharmos e cantarmos a beleza, a majestade e a grandeza da Criação que é o espaço do Espírito e o templo da Santíssima Trindade, do Pai, do Filho e do Espírito Santo.

Se observardes tudo isso que Deus me inspirou para vos comunicar em breves palavras, garanto-vos que a Terra voltará novamente a ser o Jardim do Éden e nós os seus dedicados jardineiros e cuidadores”.
Assinado F. de Assis.